O advogado e antigo presidente da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha, Luís Ribeiro, faleceu no passado dia 5 de Dezembro, vítima de doença prolongada. No dia do funeral, executivo e funcionários da Câmara juntaram-se na escadaria e fizeram um minuto de silêncio aquando da passagem do cortejo fúnebre. Antes de o corpo seguir para Lisboa, onde foi cremado, realizou-se uma cerimónia fúnebre no cemitério velho na qual participaram centenas de amigos, colegas e alunos.
Luís Ribeiro desempenhou funções na Assembleia Municipal durante 27 anos, 19 dos quais como presidente, o que o tornava no elemento mais antigo do distrito de Leiria nestas funções. Abandonou este órgão em Maio de 2016 quando lhe foi diagnosticada a doença. Foi entretanto convidado para integrar o gabinete do presidente da Câmara.
Militante do PSD, Luís Ribeiro era membro da comissão política concelhia das Caldas da Rainha e foi também presidente da Mesa da Assembleia do Caldas Sport Club.
Fátima Ferreira
Em memória de Luís Ribeiro
Imprevisível, apesar de nada ser tão certo na vida, a morte surpreende-nos sempre, mesmo quando se faz anunciar com a doença e com o sofrimento. Desertifica-nos quando nos leva os amigos, e não há revolta que nos valha, nem dor que nos apazigue. Morre jovem quem os deuses amam, dizia Pessoa, mas não há paciência para os caprichos dos deuses, nem justiça para os amigos que sofrem condenados a uma luta inglória pela sobrevivência. E a falta que nos fazem!
Conheci o Luís Ribeiro há muitos anos. Foi um dos amigos que me acompanharam à tomada de posse na minha primeira comarca de ingresso no nordeste da Beira Interior. Entre eles estava o Nuno Rito. Partilhavam um escritório na Rua Sebastião de Lima, numa amizade improvável, tantas eram as diferenças ideológicas, mas fraterna e indestrutível, tal era o afeto, solidário e cúmplice, que lhes permitia superar todas as divergências. A amizade e o escritório comum perduraram até ao dia 5 de dezembro do ano 2000, quando o Nuno Rito sucumbiu à doença que nos consternou. Exatamente no mesmo dia, 18 anos volvidos, o Luís Ribeiro deixou-nos. Estranha coincidência, quando se deixa o mundo no mesmo dia em que se perdeu o melhor amigo.
Condenado pela doença a um horizonte onde os amigos não viam esperança, mas apenas sofrimento, era o Luís quem nos animava, com uma força que vinha das profundidades da alma, do local misterioso onde se preserva a tal esperança que, dizem, é a última a morrer. E fazia-o com uma ironia que chegava a ser dolorosa. Um dia, depois dum almoço, disse-lhe que iria agendar o próximo. Então despacha-te, respondeu-me, olha que eu não sei quanto tempo nos resta. Mas dizia-o com um sorriso, como se lhe restasse todo o tempo do mundo.
Aqui fica o meu testemunho duma presença luminosa para os amigos, duma amizade que foi um privilégio. O resto são memórias que nos gratificam e entristecem no deserto da sua ausência.
Descansa em paz, Luís.
Carlos Querido
As Caldas da Rainha perderam um Homem Bom
Todos têm razões para sentir que perderam muito com a morte de Luís Ribeiro. Era um familiar dedicado, um advogado competente, um político perspicaz, um professor atento e um amigo leal. Todos têm o direito de lamentar a sua partida. Perdemos todos. Perderam as Caldas
Temos a sorte de ter nas Caldas da Rainha um elevado número de pessoas boas. Ainda assim, e exatamente na medida em que são pessoas boas, tornam-se, cada uma delas, numa pessoa insubstituível.
A melhor forma de honrar tudo aquilo que Luís Ribeiro representou é mantermos vivas, na nossa memória, essas qualidades. Continuarmos a rir com o seu refinado sentido de humor… continuarmos a aprender com o que nos ensinou… continuarmos a sonhar, como ele sempre sonhou, com umas Caldas cada vez mais desenvolvidas.
Que em cada festa que nesta cidade se realize sintamos a sua alegria. Que em todo o concelho se ouça a sua gargalhada. Que nas tomadas de decisão sintamos o seu sentido de responsabilidade.
Resta-nos o conforto de sabermos que as mesmas Águas que ajudaram a moldar o caráter deste Homem Bom, continuarão a fluir, no seu ritmo intemporal, garantindo que a Rainha que fundou as Caldas continuará a dispor, no presente e para o futuro, de pessoas boas para levar a bom porto o seu sonho de criar aqui uma comunidade vibrante, justa e solidária.
Até sempre, Luís Ribeiro.
Jorge Varela