Mudança de paradigmas e o sistema educativo

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Filipe Ribeiro
artista

 

Sempre que falamos ou ouvimos falar em mudança algo em nós estremece, sabemos que isso irá romper com algumas estruturas que criámos e que nos fazem ser quem acreditamos ser. Mudança é entendido como um terramoto que desfigura a paisagem que contemplamos, contudo é uma das certezas da vida. É uma constante associada à lei da impermanência, pois que tudo muda faz parte da forma como opera o universo, portanto mais vale assumir e aceitar que mudança é vida.
Paradigma? Não é mais do que uma estrutura que criámos e aceitámos como verdadeira enquanto sociedade e que durante um determinado espaço de tempo faz o seu papel na forma como nos interligamos. Ora como a ciência sabe e nem cientistas precisamos ser para o saber, a verdade de ontem não tem de ser verdade hoje, esse é o caminho científico, refutar verdades anteriores para nos aproximarmos da verdade, uma vez que nem teoria científica pode ser chamada aquela que não possa ser refutada.
Então chega a altura de perguntar: há quanto tempo nos andamos a governar com estruturas que deixaram de ter verdade? Onde está o método científico para analisar as nossas vidas? Vamos continuar a insistir num sistema educativo que sabemos não estar de acordo com a evolução das nossas mentes apenas porque temos medo da mudança? Medo de novos paradigmas?
Escusado será perguntar se as pessoas no geral caminham quotidianamente felizes, se os pais sabem de verdade que os seus filhos estão a ser educados para elevar o seu potencial ao máximo, se os professores acreditam ainda naquilo que ensinam. São vários os estudos que demonstram e dão resposta a estas questões e a resposta é não. Contudo e alegremente muitos outros estudos apontam que é possível reverter esta tendência mundial que dá provas de ser verdadeira através da ansiedade e depressão disponível para quem quer ver no espetáculo do dia a dia.
Não será altura de começarmos a criar responsabilidade para com a nossa própria vida e a dos outros? Não será altura de deixar de fazer das crianças, jovens e adultos depósitos de informação e sim seres pensantes capazes de gerir as suas emoções perante as trivialidades da vida? E onde começa tudo isto senão no sistema educativo? Não será altura de neste tempo de para-arranca de abrir e fechar escolas de criar uma mudança de paradigma no sistema que serviu o seu propósito, mas como qualquer par de meias velho deixou de fazer sentido usar? Pergunta-te: não será altura de criar algo melhor, ou será que temos de ficar agarrados a algo só porque temos medo de mudar? ■