Natureza – fábula I

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A fábula “o monge e o escorpião” é de enorme utilidade para a função atendimento. Para quem não a conhece, resumo-a aqui: estava o monge junto ao rio, quando viu um escorpião ser arrastado pela corrente, Sem hesitar, atirou-se à água e agarrou-o, salvando-o. De seguida, o escorpião picou-o e o monge deixou-o cair novamente à água. Inconformado, procurou um ramo de árvore e voltou a socorrer o animal, desta vez com sucesso. Perplexos, os noviços que o acompanhavam questionaram-no sobre o motivo de insistir em salvar quem lhe tinha feito mal, revelando ingratidão, ao que o monge respondeu que cada um faz aquilo que é da sua natureza.
Na vida, somos frequentemente confrontados com atitudes maldosas, por vezes daqueles em quem confiamos, despertando em nós o desejo de responder na mesma moeda. O princípio da reciprocidade é inerente à condição humana, no que esta tem de mais primário. Contudo, os valores que adquirimos, em particular os da empatia e compaixão, podem levar-nos a agir de modo diferente, sob pena de não nos sentirmos bem com a nossa consciência. Por outro lado, sabendo-se que “comportamento gera comportamento”, a opção poderá ser por um comportamento moral ou profissionalmente superior, que influencie o comportamento do outro. Na vida particular, dependerá de cada caso concreto, mas, no mundo profissional, esta deverá ser uma regra absoluta.
Damos demasiada importância ao comportamento dos outros, na medida em que damos de menos ao nosso próprio comportamento. Em demasiados casos, revelamos pouca tolerância para com quem é, ou se comporta, de modo diferente, ou seja, à diversidade social. Tudo isto é possível no foro pessoal, mesmo se errado, mas inadmissível no foro organizacional e profissional. Neste, deverá fazer-se aquilo que tem de ser feito, da maneira como deve ser feito. Existe um código de conduta, explícito ou implícito, que é obrigatório respeitar. Senão, corre-se o risco de perder clientes – os directamente afectados e todos aqueles a quem será passada- palavra negativa – e, consequentemente, as receitas de que o negócio tanto necessita para sobreviver e desenvolver-se. Ou, como dizia Fernando Pessoa, “o comerciante [enquanto comerciante] não tem personalidade, tem comércio”.

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