Notas urbanas

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Luiz Rolim
engenheiro civil

Inicio a colaboração na Gazeta das Caldas tendo noção da dificuldade e desafio que me foi proposto. Não poderia negar o convite, fundamentalmente, por duas razões: primeira, pela vontade de contribuir para o debate de ideias sobre alguns elementos urbanos que me tocam; segunda, em clara homenagem ao JAO, antigo colaborador muito ativo da Gazeta, na década de 1950, meu pai.
Certamente que a minha posição irá suscitar, assim espero, reações críticas, mas não desistirei de as colocar, sempre no sentido da procura de soluções integradas na dinâmica da cidade e do seu centro urbano.
A relação do “Chafariz das 5 Bicas” com o “Jardins de Água” merece ser apreciado adequadamente por quem tem competência interventiva, mas gostaria de apontar a necessidade de redução drástica do parque de estacionamento existente, inadequado e sem qualquer cuidado urbanístico.
Sei que a zona terá de prever acessos técnicos ao hospital, bem como aos serviços administrativos, mas julgo que a redução em 75% do número de lugares de estacionamento permitirá a criação de corredor vegetal entre estes dois elementos. Refiro ainda que, em sequência, poder-se-ia usufruir da ligação, já existente, à Igreja de Nossa Senhora do Pópulo e consequentemente, ao Parque Dom Carlos I.
Neste contexto, considero que a intervenção do mestre Ferreira da Silva merece elevada preocupação caldense, quer na preservação do legado, quer na localização.
Trata-se, quanto a mim, de uma entrada na Mata Rainha D. Leonor, com elevado significado e dignidade modernista. Sem desconsiderar custos de reabilitação, até porque o conjunto já se encontra edificado, torna-se urgente recuperar a ideia para a qual gostaria de contribuir com alguns dados. O “Jardins de Água” necessita, quanto antes, de algumas intervenções de nível técnico do ponto de vista da sua dinâmica hidráulica. Promover levantamento topográfico integral que permita a execução de perfil hidráulico, com vista à retoma do circuito da água, tendo em atenção que a recirculação é a forma mais sustentável para a dinâmica do conjunto. Defendo que as obras a promover não deverão, em qualquer circunstância, alterar ou invadir a ideia de base ou a observação exterior. Assim se promoverá a homenagem ao “Mestre”.
Lanço a ideia de que a obra, como porta de entrada para a Mata, deveria ser encerrada, em modo transparente. Reconhecimento da inadequada utilização e acesso, quer da zona, quer do conjunto do Palácio Real, seus claustros e envolventes a requerer iluminação e vedação noturna.
As entidades tutelares, que gerem os interesses culturais e públicos, decerto estão, há muito, alertados para a inadequada utilização e degradação visível no local. ■

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