A poucos dias de comemorarmos mais um 25 de abril, cumpre recordar a sua importância para o atual regime político em Portugal.
É certo que a caminhada para a democracia foi feita de vários momentos cruciais. Para as Caldas da Rainha, o 16 de março de 1974 terá sido, porventura, o mais simbólico. Quando os militares do Regimento de Infantaria 5, atual Escola de Sargentos do Exército, saíram em direção a Lisboa, estavam convencidos que esse seria o dia da mudança do regime. Provavelmente só quando foram intercetados por forças fiéis ao governo é que descobriram que as outras unidades que se deveriam ter juntado a eles tinham ficado nos respetivos quartéis. A intentona tinha falhado mas foi o prenúncio do que se viria a passar no dia 25 do mês seguinte.
Por outro lado, em Rio Maior tem muito significado o 25 de novembro, pelo contributo decisivo que as suas gentes deram no processo democrático português. Quando, decorridos mais de um ano e meio de um período revolucionário intenso, o regime português se arriscava a tornar novamente numa ditadura, foi precisamente no dia 25 de novembro de 1975 que se garantiu a democracia, para que passassem a ser os portugueses a escolher, em eleições livres, quais os partidos políticos que passaram assumir a responsabilidade de governar o país.
No entanto, para a memória coletiva nacional, o momento chave da democratização de Portugal coincide com o fim do regime anterior. Quando, em 25 de abril de 1974, Salgueiro Maia e os seus homens chegaram a Lisboa, derrubaram um regime ditatorial com mais de 40 anos. Sem esse dia, o 16 de março das Caldas teria passado à história como uma mera tentativa de golpe de Estado praticada por alguns traidores. Sem esse dia, não teria havido sequer a necessidade do 25 de novembro.
Existem muitos portugueses que entendem que durante o processo de democratização foram cometidos erros e praticados vários exageros. Para esses, o 25 de novembro ficou aquém do que deveria ter sido. Mas também há portugueses que preferiam que se tivesse ido mais longe na mudança de regime. São os que preferiam que não tivesse existido o 25 de novembro.
Ou seja, mesmo que o resultado final não tenha agradado a todos, parece haver uma grande maioria de portugueses que coincide na opinião de que foi bom ter-se derrubado o regime de Marcelo Caetano. Também por isso, o 25 de abril ficou como o dia marcante do regime democrático português, continuando a ter honras de feriado nacional.
Nas Caldas da Rainha, as comemorações do 25 de abril têm cabido principalmente, honra lhes seja feita, às juntas das freguesias da cidade. Mesmo havendo quem desespere com o barulho dos morteiros madrugadores, a verdade é que as manifestações mais populares das celebrações do 25 de abril têm sido, ao longo dos anos, fruto duma boa cooperação dos executivos das freguesias.
Este ano, mais uma vez, temos um vasto programa de comemorações do 25 de abril. Para além do mais, estes festejos tão ligados às juntas de freguesia permitem-nos recordar e honrar a memória dum grande entusiasta destas celebrações. Um homem que sempre lutou para que não se acabasse com a memória do dia da liberdade. O Presidente Vasco Oliveira.