O concelho das Caldas da Rainha tem, para além das duas freguesias em que se divide a cidade, catorze freguesias rurais. É certo que atualmente, tendo em conta as últimas uniões, apenas existem doze Juntas de Freguesia mas, para quem verdadeiramente conta, que é a população, com o seu sentimento de fregueses, temos nas Caldas duas freguesias urbanas e catorze freguesias rurais. São estas, as que estão fora do perímetro urbano, que foram sempre conhecidas como as Freguesias.
Na linha de costa, mais ligadas ao mar e à lagoa, o Nadadouro, a Foz do Arelho, a Serra do Bouro e Salir do Porto formam, cada uma com as suas especificidades, um conjunto que se distingue das freguesias mais ligadas à terra. Com grande importância na área da hortofruticultura, o Landal, A-dos-Francos, os Vidais, Alvorninha, Santa Catarina, Carvalhal Benfeito, Salir de Matos e São Gregório constituem, também cada uma com a sua individualidade, um grupo essencial para o desenvolvimento sustentado do concelho das Caldas da Rainha. Por seu lado, as freguesias de Tornada e do Coto têm vindo cada vez mais a receber a influência da cidade, assumindo-se hoje, pelo menos em parte, como verdadeiras extensões do perímetro urbano que é constituído pelas freguesias de Santo Onofre e de Nossa Senhora do Pópulo.
As Freguesias sempre tiveram uma importância crucial para o concelho. A Cidade nasceu, cresceu e sempre viveu dos serviços prestados. Foi e é polo de atração para populações vizinhas mas ninguém vive só de serviços. Sempre foram as Freguesias que alimentaram a Cidade e esta nunca o deve esquecer. Por outro lado, é indiscutível que o sucesso da Cidade enquanto potência regional se reflete positivamente em todo o concelho.
Após as primeiras eleições autárquicas, nas quais os caldenses deram a sua confiança ao PPD/PSD, o executivo camarário entendeu que, antes de mais, importava levar o século XX até às Freguesias. Tantos eram os lugares onde não se chegava numa estrada em condições; tantas eram as casas sem água corrente, energia elétrica ou saneamento básico. Com a imprescindível ajuda das populações, conseguiu-se ter o concelho com uma boa cobertura de estradas asfaltadas e de casas com luz, água e saneamento. Essa aposta inicial no bem-estar da população que vivia fora da Cidade foi também, e em grande medida, responsável pelas vitórias sucessivas do PSD em eleições autárquicas nas Caldas da Rainha.
Vivemos hoje um tempo em que, com as obras de regeneração urbana e com a responsabilidade que o Estado central deixou à Câmara Municipal de gerir o património termal, as atenções parecem mais voltadas para a Cidade.
A verdade é que, tal como há quarenta anos a Cidade percebeu que era justo que se desse a devida atenção às Freguesias, também hoje as Freguesias compreendem que a Cidade precisava daquelas obras de regeneração e que, por outro lado, não podemos deixar cair o legado da Rainha. As Caldas nasceram das suas águas termais e cabe-nos a nós, a todos nós, mantermos vivo esse património onde se inclui o Hospital Termal mais antigo do Mundo.
Cabe agora ao PSD perceber que, para manter e aumentar a confiança dos caldenses, tem de cumprir com o desígnio de salvar as nossas termas, dotando a cidade de uma estância onde os aquistas possam vir procurar tratamento hospitalar ou simplesmente usufruir do tão em voga termalismo de lazer. Tudo isto sem deixar de continuar a dar a devida atenção às Freguesias, as quais, diga-se, sairão beneficiadas com o sucesso das termas.
A política passa necessariamente pela capacidade de comunicação e se as medidas forem bem explicadas todos perceberão que, na verdade, não existem a Cidade e as Freguesias. Existem apenas as Caldas da Rainha.