Parabéns partilhados

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A Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense nasceu de uma Tuna, criada em 1916 | DR

Mais duas entidades da região nasceram no mesmo longínquo ano de 1925: a Casa do Pão de Ló de Alfeizerão e a Sociedade Filarmónica Recreativa Gaeirense

Carlos Querido

Na edição do Centésimo Aniversário a Gazeta das Caldas não esquece duas entidades da região nascidas no mesmo longínquo ano de 1925: a Casa do Pão de Ló de Alfeizerão e a Sociedade Filarmónica Recreativa Gaeirense.

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Diz a lenda, que o célebre Pão-de-ló terá nascido no mosteiro feminino de Cós, extinto em 1834, por decreto do ministro Joaquim António de Aguiar, que a história batizou de “Mata Frades”.

Sem teto nem meios de subsistência, algumas monjas terão sido acolhidas em Alfeizerão, tendo ensinado a receita e a técnica de fabrico como manifestação de gratidão às famílias que as acolheram.

Terá começado então a ser confecionado o pão-de-ló em ocasiões festivas, por encomenda das famílias abastadas, nomeadamente dos Fróis da Quinta de S. José, regularmente visitada pelo Rei D. Carlos.

Numa dessas visitas régias, devido ao nervosismo das pasteleiras, o pão-de-ló terá sido retirado do forno antes de terminada a cozedura prevista, com um resultado que, ao invés de ser uma catástrofe, foi muito elogiado pelo rei.
Se o rei gostou, haverá que repetir.

Assim se terá criado uma tradição que a Casa Centenária manteve até aos dias de hoje.

No estabelecimento, gerido por Helena Franco, respira-se um ambiente de conforto e tradição familiar.

Há numa parede fotografias de uma antiga colaboradora e da filha, que ali trabalha atualmente, que por sua vez tem ao colo a sua filha.

Nesta cadeia familiar transmite-se o “saber fazer” como uma herança de sabedoria prática, no que respeita a temperaturas e texturas das massas, para que o resultado seja sempre aquele que o cliente espera.

Quanto à Sociedade Filarmónica, foi fundada exatamente no mesmo dia em que nasceu a Gazeta das Caldas – 1 de outubro de 1925.

Herdeira da antiga Tuna da Sociedade Musical Gaeirense, na base da fundação desta perene e extraordinária instituição esteve o apoio da família titular da célebre Quinta das Janelas.

Não foi por acaso que tudo começou com uma Tuna.

O apoio da família Gama foi fulcral na fundação da Filarmónica, e Luiz Xavier da Gama (1868-1956), titular da referida Quinta, antes de se tornar o lavrador e criador de gado mais respeitado da região, foi um célebre boémio, ator e músico, que dinamizou a Tuna-Estudantina de Coimbra, e chegou a declamar poemas e a cantar a solo em espetáculos aos quais assistia a família real – tunauc.wordpress.com/arquivo/bau-de-memorias/tunos-tt/luiz-xavier-da-gama/

Também esta instituição centenária tem características de transmissão e herança familiar que lhe conferem especial coesão e perenidade.

Refere-se em artigo da Gazeta das Caldas, edição de 30 de setembro de 2025, o exemplo de António Costa, de 74 anos, e do filho Paulo Costa: o pai toca na banda há 60 anos, tendo começado aos 14 anos, idade em que o filho ali se iniciou como músico.

Demonstração de vitalidade e de dinamismo da Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense foi o concerto no Convento de S. Miguel, no dia 23 de agosto, no qual participaram cinquenta músicos, incluindo alguns de outras bandas.

Aqui fica, da parte da Gazeta das Caldas, um abraço de parabéns e votos de longa vida às duas instituições centenárias.

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