“Resiliência”

0
312
- publicidade -

Sandra Santos
Diretora pedagógica

No meio das famosas partilhas de vídeos que nos chegam pelas redes sociais,  que ora nos fazem rir, ora nos fazem corar, chegou-me um vídeo que refletia as dificuldades que muitas instituições (de qualquer setor) enfrentam nos dias de hoje, com uma crescente falta de resiliência nas camadas mais jovens, havendo, até, quem hoje em dia fale de uma geração “snowflake”.
“Resiliência” é provavelmente a palavra-chave nas discussões contemporâneas sobre a formação dos jovens. Viver num mundo de rápida mudança e tumulto faz da capacidade de lidar com as provações algo essencial. Saber perder/falhar, sem quebrar; ver o erro como uma oportunidade de crescimento e encarar as dificuldades como oportunidades parecem missões quase impossíveis para alguns jovens, que desistem à mínima contrariedade, incapazes de lidar com a frustração e com a dor. Chegando cada vez mais jovens com estas características às instituições de Ensino Superior e às empresas, é preciso olhar então para a educação no seu todo (casa e escola).
A expressão “snowflake generation” sugere uma fragilidade emocional, associada à hipersensibilidade e à incapacidade de lidar com críticas ou opiniões divergentes. Indo à raiz do problema e olhando à nossa volta, estamos a preparar as novas gerações para um mundo ideal, onde não há falhas, e não para a realidade, onde as dificuldades são inevitáveis. Não falamos dos nossos problemas; evitamos mostrar medo e tristeza; e temas como a morte são assuntos tabu. Esquecemo-nos de que as crianças e os jovens aprendem por imitação, com os seus modelos. Assim, ver o seu “herói de carne e osso” cair e de seguida levantar-se com determinação, não é fragilidade, mas uma lição de resiliência. Adicionalmente, permitir que os jovens façam parte da resolução de conflitos é, também, promover momentos de confrontação saudável de ideias, para que a aceitação do erro e da crítica faça parte processo de aprendizagem. Todos estes momentos de crescimento dotam o jovem da bagagem emocional que necessitam na vida adulta, quando, num primeiro emprego ou numa primeira desilusão, consigam suportar a rejeição, a crítica, as dificuldades económicas e profissionais.
Também é importante saber distinguir oferecer apoio de proteger em demasia. O apoio ajuda a criar uma rede de segurança emocional, para que os jovens não se sintam sós nas suas dificuldades, a proteção excessiva, por sua vez, priva-os da oportunidade de desenvolverem ferramentas para superar esses mesmos desafios. É criar nos jovens a ilusão de que a vida é isenta de obstáculos. Desta forma, devemos ser capazes de incentivá-los a sair da zona de conforto, mostrando-lhes que há sempre um espaço seguro para se reerguerem, sem lhes retirar a autonomia de enfrentar os seus próprios problemas.
Em suma, ensinar que a vida é uma sequência de altos e baixos, e que, com resiliência, se pode sempre levantar depois de cada queda, é mostrar que colher as “pedras do caminho” serve para, mais tarde, na altura certa, “construir um castelo”. ■

- publicidade -