
Podem chamar-lhe uma medida eleitoralista, com timing próprio, falhas várias e eficácia longe do desejável, mas o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) é, sem dúvida, uma das mais importantes decisões governamentais das últimas décadas para o país. Zé Povinho arrisca mesmo a equipará-la a outras importantes medidas saídas do 25 de Abril como foi o Serviço Nacional de Saúde e a educação universal.
Desde a passada segunda-feira uma importante fatia da população portuguesa viu as suas despesas em transportes diminuir significativamente graças à implementação desta medida que permite comprar os passes mensais a preços significativamente mais baixos. Por outro lado, muitas pessoas que antes não usavam os transportes públicos e se deslocavam em transporte individual para o trabalho, têm agora um incentivo acrescido para deixar o carro na garagem e apanhar o autocarro ou o comboio. Ou seja, a medida permite aumentar o rendimento disponível dos portugueses e contribui para alguns dos objectivos que o governo se propôs: “combater as externalidades negativas associadas à mobilidade, nomeadamente o congestionamento, a emissão de gases de efeito de estufa, a poluição atmosférica, o ruído, o consumo de energia e a exclusão social”.
Zé Povinho reconhece que estes efeitos podem ser diminutos quando comparados com as grandes medidas que são necessárias tomar à escala mundial para atingir a neutralidade carbónica e caminhar para uma economia global mais auto-sustentável. Mas é indubitavelmente uma boa medida e por isso Zé Povinho felicita o Dr. António Costa pela sua implementação.

Outra vez a CP e a linha do Oeste… Já não bastavam os maus horários com que a transportadora brinda a região. Já não bastavam os constantes atrasos. Já não bastava o histórico de supressões e de passageiros abandonados nas estações à espera de comboios que não chegam. Já não bastavam as automotoras velhas e desconfortáveis. Já não bastava o total divórcio, em termos de comunicação e marketing, que a empresa mantém com a região Oeste. Agora, até no próprio PART – que seria uma oportunidade para a empresa ter mais clientes na linha do Oeste – a CP voltou a revelar a sua habitual falta de pró-actividade e manteve-se à margem da redução tarifária nos transportes públicos.
Uma empresa privada que soubesse que havia um “bolo” para distribuir pelos operadores de transportes, ter-se-ia chegado à frente para obter a quota que lhe seria devida. Para mais, uma empresa que anda no Oeste com os comboios vazios e que tem ainda muito espaço para crescer na procura de novos clientes.
No entanto, a CP, perante a possibilidade de receber uma parte dos 1,3 milhões de euros que a OesteCIM tinha para distribuir, preferiu, pelos vistos, continuar com os passes mais caros. E mantem afastados os potenciais clientes da ferrovia, cuidando para que seja o modo rodoviário e os operadores privados a beneficiar de uma medida que o seu accionista – o Estado – implementou (também) para seu benefício (mas que esta parece recusar).
E até acha que, quando chegar a um acordo que lhe permita baixar os preços dos passes, deverá ser a Oeste/CIM a comunicá-lo.
Zé Povinho acha que é penoso assistir a esta triste gestão da CP.