VEM AÍ … maio mês do coração

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Joaquim Urbano | DR
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Este é o mês escolhido pela Fundação Portuguesa de Cardiologia para se desenvolverem ações de sensibilização sobre a temática das doenças cardiovasculares e da necessidade imperiosa de as prevenir adotando estilos saudáveis de vida. Em todo o país muitas são as instituições públicas e privadas a promoverem diversas atividades, este ano comprometidas pela Covid-19.
As doenças cerebrovasculares, de que o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), são as doenças mais conhecidas, representam a 1ª causa de morte em Portugal, superior ao conjunto das mortes causadas por todas as formas de cancro.
Nesta crónica vou abordar o enfarte agudo do miocárdio. Afinal o que é o enfarte do miocárdio, mais conhecido por “ataque cardíaco”? Ocorre quando o fluxo de sangue ao músculo cardíaco, através das artérias coronárias, é bruscamente interrompido de forma mais ou menos prolongada. Esta situação condiciona a irrigação comprometendo a oxigenação de uma zona do miocárdio e a sua consequente lesão. Esta interrupção da circulação resulta do entupimento das coronárias devido à acumulação de gordura nas suas paredes, ou mais raramente por um espasmo prolongado (consumidores de cocaína).
É importante reconhecer alguns sinais de alerta que nos façam desconfiar de estarmos perante uma vítima de “ataque cardíaco” e não atrasar o pedido de socorro, ligando o 112-número europeu de emergência. As manifestações mais frequentes são a dor no peito, de início súbito, tipo aperto ou pressão, que poderá irradiar para os braços, costas ou maxilar inferior; suores frios; náuseas ou vómitos; tonturas; falta de ar ou palpitações.
A paragem cardiorrespiratória pode ser a 1ª manifestação de doença coronária. Na maior parte dos casos está em causa a fibrilhação ventricular, uma arritmia maligna responsável por uma elevada taxa de mortalidade no pré-hospitalar, se não for prontamente tratada com manobras de suporte básico de vida (SBV) e choque elétrico, recorrendo a um desfibrilhador automático externo (DAE).
Como evitar esta tragédia que custa, por ano, a vida a milhares de doentes e a diminuição da qualidade de vida a muitos sobreviventes? Em primeiro lugar, promovendo a sua prevenção com a finalidade de minimizar ou eliminar os principais fatores de risco – tabagismo, excesso de peso, hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo, colesterol elevado e stress. Não podendo controlar a idade ou a herança genética, devemos praticar estilos saudáveis de vida, a saber: abstenção de tabaco, álcool e outras drogas; adotar uma alimentação adequada (rica em vegetais, fruta, peixe e pobre em sal e gorduras saturadas); controlar a pressão arterial, diabetes e colesterol elevado e praticar com frequência atividade física. Em segundo lugar não atrasar o pedido de socorro, como já disse, ligando 112, reportando a situação da vítima, a localização da ocorrência e respondendo a todas as perguntas efetuadas pelos operadores do CODU. Tal vai permitir o envio de uma equipa de socorro apropriada. Sabendo que as possibilidades de recuperação dependem do rápido restabelecimento do fluxo sanguíneo para preservar o miocárdio e a função cardíaca, o objetivo é fazer o diagnóstico, iniciar o tratamento e, se for o caso, colocar rapidamente a vítima num hospital onde se possa realizar cateterismos cardíacos, permitindo visualizar as artérias coronárias e proceder às desobstruções necessárias e à colocação de pequenas “redes”–os stent’s (sala de hemodinâmica) ou mesmo de Unidade de Cuidados Intensivos Coronários. Para tal, coordenada pelo INEM, está implementada em todo o País, uma estratégia (Via Verde Coronária) destinada a permitir a acessibilidade rápida destes doentes aos cuidados mais adequados.

Joaquim Urbano

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