The show must go on

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Não foi difícil escolher o mote para esta última crónica. E com uma certa nostalgia que me invade os dedos por ser esta a última. Gostei muito desta experiência, ainda que em tempos conturbados. Caros leitores, desculpem a não leveza desta última crónica, mas o mundo lá fora assim o exige. Não nos iludamos com o #vaificartudobem, porque, meus senhores, #nãoirávaificartudobem.
Durante doze meses soltei palavras e pensamentos, que por muito que tentasse evitar, estavam relacionadas com a covid-19. Doze meses de evolução desta pandemia que já remonta a finais de 2019, que nos invadiu as casas, que nos confinou, que trouxe a saúde pública para as bocas do mundo, que abriu portas ao take away e ao teletrabalho, e que transformou a plataforma ZOOM num verbo.
Agora temos notícias de recolher obrigatório, vindas da Ucrânia. Mas este recolher obrigatório não é decretado por razões de saúde publica, mas por bombas que explodem nas suas cabeças. Literalmente.
As flores desabrocham, os números da pandemia tranquilizam-nos, as medidas restritivas começam a ser levantadas, a chuva escasseia, mas estes sinais de primavera antecipada enchem-nos os sentidos e fazem-nos sonhar com um mundo melhor. E bum, a Rússia invade a Ucrânia. E qual Primavera Russa, slogan usado em 2014 pelos separatistas pro Rússia na altura do conflito da Crimeia. E nem de propósito cá temos uma Primavera Russa antecipada, tal como a Primavera que nos enche os sentidos e que veio antes do seu tempo. Quais alterações climáticas que nos trocam as voltas da ordem das coisas.
4000 km nos separam de Kiev. Não vale achar que a Portugal nunca chega nada. Não nos esqueçamos do efeito borboleta, do efeito dominó, do efeito quem sabe nuclear. Que estes senhores parece que são mestres em gaming, mas a sério. Fazem parecer meninos os campeões de jogos online. Porque mata, e mata mesmo. Civis, militares, velhotes que iam de carro pela estrada e lhes passa um tanque russo por cima. Aqui, mesmo ao virar da equina, a cerca de 4000km. E não há nenhuma desculpa no mundo que justifique ataques armados que matam pessoas.
Nem pelo gás, nem pelo poder, nem por dinheiro, nem por coisa nenhuma. Todos têm interesses. Não se iludam. Os Estados Unidos também são produtores de gás. Bem como outros países. Mas 39 milhões de lares europeus dependem do gás russo. O Homem, meus senhores, esse sim é um bicho feio.
Quando parece que o bicho, o outro, começa a ter o seu lugar no ecossistema, convivendo com ele de forma natural e biológica, bum, vem um bicho maior. Um bicho que nos enche os olhos de lágrimas pela impotência que sentimos ao ver famílias separadas, destroçadas e desorientadas. O COVID parece que fugiu de algum laboratório “chinês” e durante meses pensámos o que poderia ter sido feito para ter evitado esta pandemia, mas o Putin saiu de onde? De que laboratório maquiavélico saiu este Homem que nos está a querer trazer um novo Inverno escaldante? Ou uma guerra ainda mais fria.
Meu caro leitor, o mundo está um sítio feio. Haja alegria nas pequenas coisas. Mas não pestanejemos que o assunto é sério. E todos temos que lutar por ele. ■

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