Troïka à vista!

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Luís Gomes
empresário

O segundo semestre já corre no calendário e sente-se que a economia do nosso país, e do mundo, está perigosamente semelhante a 2011.
Aproveitar neste texto, levar o leitor, a relembrar da visita de Christine Lagarde, presidente do BCE na passada semana ao nosso país. As recordações, de 2011 ninguém irá certamente esquecer e espero que não seja de facto repetida.
Não estará a Troïka à vista?
Exemplo de Três problemas carecem de soluções: falta de mão de obra qualificada; impostos e a falta de escala das empresas. A falta de mão de obra causa problemas ao nível macroeconómico com a diminuição do crescimento económico, e a nível microeconómico ao colocar em causa o bem-estar individual das famílias.
Sem mão de obra disponível, uma economia não consegue crescer e ser produtiva.
Em termos conjunturais, os limites à emigração causados pela pandemia e a política de subsídios ao rendimento e manutenção de emprego para minorar o impacto da pandemia são algumas das razões da redução da oferta de mão de obra nos setores que estão a tentar crescer.
A falta de mão de obra é também causada pela elevadíssima fiscalidade sobre o trabalho (quer para o trabalhador, quer para a empresa). Ao adicionarmos a TSU, base do empregado (11%) e do empregador (23.75%) mais o IRS cobrado a taxas progressivas (28.5% para salários mensais superiores a 800 euros), chegamos a uma fiscalidade sobre o trabalho superior a 50% para praticamente todos os salários acima do salário mínimo e de 65% para os salários acima de 2650 euros mês.
Impostos demasiado altos travam o crescimento económico e a captação de empresas.
A curva de Laffer é utilizada para explicar o conceito de “elasticidade da receita taxável”, ou seja, a sensibilidade que o país tem com o aumento dos impostos. Quanto maior a sensibilidade, mais à esquerda estará o pico do gráfico. Em Portugal esse limite já foi atingido.
Os economistas e especialistas da matéria conhecem os problemas, pena é ao nível político ser dado aos cidadãos os ditos ‘comprimidos para o enjoo’ e a ‘areia para os olhos’, através de factos políticos que se tornam virais na comunicação social. Ocultando assim os assuntos da ordem do dia, tornando um verdadeiro big show televisivo.
Os problemas estruturais estão identificados, os sintomas à vista.
Espero com isto chegar ao pensamento crítico do leitor, sem que o foco seja alterado pelos aviões de papel que voam entre Lisboa, e a Margem Sul. ■