No dia 20 de dezembro fui testemunha de um gesto pouco nobre por parte de uma funcionária dos CTT das Caldas da Rainha: Um senhor, com mais de sessenta anos de idade, retirou o seu talão de atendimento cinco minutos antes das 18 horas (horário de encerramento da agência dos CTT do centro da cidade), poucos minutos depois acompanha uma senhora à porta e despede-se com toda a normalidade, porém, cometendo o equívoco de o fazer poucos centímetros fora do estabelecimento. Erro fatal.
Quando dá o esperado passo para regressar ao estabelecimento, eis que a senhora da limpeza, sem meias medidas, bate-lhe a porta na cara. Indignado, (mostrando o talão com o número de atendimento) o pobre homem pede gentilmente que a senhora lhe abra a porta, porém, o que ouviu foram frases repletas de fel e arrogância. No meio do palavreado, depois de outro funcionário consultar a gerência, a tal senhora sai-se com esta: “O gerente não autoriza que se abra a porta depois da hora”.
É compreensível que exista essa norma. É compreensível que o gerente, imbuído dos superpoderes naturais do cargo, que o colocam acima do resto da Humanidade, tenha essa atitude, só não é natural que uma empresa como essa continue com pessoas, com total falta de preparo para lidar com o público, em seus quadros. Não se tratou de um abandono, por tempo indeterminado, do local, tratou-se, apenas, de um minuto, para uma singela despedida, ficando fora de portas para não atrapalhar a passagem de ninguém. Um gesto nobre que foi presenteado com estupidez e arrogância.
Por mera curiosidade estive a consultar o Sítio de Queixas dos CTT e encontro, (fiquei pasmo) mais de cinco mil querelas, as mais variadas, porém, são as que se referem ao atendimento que estão em maior número. É assustador.
Tenho amigos naquela agência, mas não os defendo em casos como este. Que me perdoem. Fiquei sim, triste, indignado. Não vi o tal “Espírito de Natal” em ninguém, do cargo mais modesto ao mais alto. Vi, apenas, um gesto petulante, de soberba, de menosprezo. Muito feio para a “família CTT”.
Quando saiu, da porta dos CTT, o bom homem disse-me que ia “protocolar uma queixa na sede daquela empresa em Lisboa, dando o nome da senhora da limpeza e do gerente, e pedir medidas de punição, severas, pois é com o meu dinheiro que esta gente se governa”.
Disse-me ainda: “Veja, estão a olhar para nós e a rir”. O que, de facto, era verdade.
Creio que os funcionários dos CTT das Caldas da Rainha devem fazer uma avaliação do ocorrido, tentando perceber que o que aconteceu (e que os prejudica moralmente) não se deve repetir.
Devemos seguir as regras, com certeza. Só não devemos mostrar em público o pior de nós: Aquele monstro que nos consome diariamente, devido à vida triste que levamos. Um sorriso, um gesto de delicadeza e uma chávena de chá de cidreira durante o expediente, nunca fizeram mal a ninguém! Rui Calisto