O eurodeputado da CDU, João Ferreira, esteve a 2 de Março nas Caldas e em S. Martinho do Porto no âmbito de um périplo pelo distrito de Leiria. Na estação ferroviária caldense avistou-se com representantes da Comissão de Defesa da Linha do Oeste, onde acusou o governo de prometer muito e depois não fazer nada. O eurodeputado disse ainda que o ex-ministro e Pedro Marques e a deputada socialista Margarida Marques são coniventes com a situação de atraso da linha do Oeste.
“Os utentes estão a regressar à Linha do Oeste”, disse Rui Raposo, da Comissão de Defesa da Linha do Oeste, ao eurodeputado João Ferreira, explicando que quando se viveu o período crítico das supressões e constantes avarias, os passageiros foram forçados a procurar outras alternativas.
Para o porta-voz da comissão, urge saber quando será lançado o concurso – anunciado em 2016 – para a modernização da linha. Rui Raposo disse que este já deveria ter sido aberto e lamenta que apesar do pedido constante de informação, não consiga obter esclarecimentos concretos sobre este processo.
“Cada dia que passa é capital para esta obra”, referiu o porta-voz, que mostrou também preocupação pela operação da CP na linha. Ultimamente não tem havido muitas supressões porque o serviço tem sido feito com automotoras espanholas que a transportadora pública tinha afectas à linha do Douro. Mas o responsável receia que a CP volte a colocá-las lá no Verão e que o serviço no Oeste se deteriore.
Rui Raposo referiu que a empresa tem um grave problema de insuficiência de material circulante não só a diesel, mas também elétrico. “O número de composições que está previsto vir a adquirir é manifestamente pouco”, afirmou.
Intervenção em toda a Linha
“O governo promete muito, muitas vezes para não fazer nada”, referiu João Ferreira, recordando que o seu partido esteve ao lado da Comissão de Defesa, questionando o governo e a Comissão Europeia sobre a modernização da Linha do Oeste. Das vezes que o governo afirmou que ia intervir “não fez nada na prática e sabemos que os meios existem para investir na Linha do Oeste”.
O eurodeputado recordou que a Linha do Oeste é parte integrante da rede transeuropeia de transportes e, como tal, é elegível para estudos e obras de infraestrutura, incluindo sistemas informáticos, no âmbito dos fundos do Mecanismo Interligar a Europa (MIE). “O governo tem que concorrer a este mecanismo que até agora tem sido aproveitado pelos países do centro da Europa”, referiu o comunista. Segundo João Ferreira há inclusivamente outros fundos como o Plano de Investimento para a Europa, onde é possível obter apoio para projectos como a modernização da Linha do Oeste.
Para o também candidato às eleições europeias, urge avançar com o concurso para a modernização e eletrificação da Linha do Oeste, não só entre Meleças e Caldas, mas sim até ao Louriçal.
Durante a visita, João Ferreira ainda lançou críticas ao anterior ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, e à deputada do PS eleita pelo distrito de Leiria, Margarida Marques, afirmando que “ambos têm pesadas responsabilidades no estado em que se encontra a Linha do Oeste”. Ambos fazem agora parte da lista de candidatos ao Parlamento Europeu.
“Centro de saúde de S. Martinho é muito bonito, mas não tem médico”
Depois das Caldas da Rainha, João Ferreira foi a S. Martinho do Porto da parte da tarde. Numa sessão pré-eleições europeias, onde falou dos problemas da saúde, transportes e educação, o eurodeputado apontou aos “baixíssimos níveis de investimento público, que vive à custa de fundos da União Europeia, o que não acontece em mais nenhum país”. É que, em Portugal,. mais de 80% do investimento público é financiado por fundos comunitários.
João Ferreira chamou a atenção para a necessidade de trazer os CTT de novo para o controlo público e defendeu que Portugal não deve submeter-se a tudo o que a União Europeia pretende, até porque isso levou ao abandono de 400 mil explorações agrícolas. O eurodeputado defendeu ainda que os partidos não são todos iguais, distanciando-se dos outros quatro, por exemplo na decisão sobre o que fazer aos lugares dos deputados britânicos no Parlamento Europeu pós-Brexit. Isto porque, segundo João Ferreira, o PCP foi o único que defendeu que os mais de 70 lugares vagos deveriam ser distribuídos pelos países que foram perdendo eurodeputados com a adesão de mais estados à UE (como aconteceu com Portugal, que dos 25 passou para 21). Mas não se verificou essa solução: foram distribuídos por 14 dos 27 estados membros (Portugal ficou de fora), sendo que alguns dos que têm mais lugares ainda saíram reforçados.
Na mesma sessão, Manuel Rodrigues, do PCP de S. Martinho do Porto, alertou que “o centro de saúde de São Martinho do Porto é um edifício muito bonito, mas não tem médico”. Por outro lado, preocupa-o a questão dos transportes públicos numa vila que “está muito mal servida em termos rodoviários e ferroviários”.
Da plateia surgiu a preocupação com os frequentes despejos de efluentes suinícolas em rios e ribeiras que vão dar à baía de São Martinho do Porto, apontando-se à falta de estações de tratamento.