“Faz todo o sentido ser a União de Freguesias a gerir o Parq ue a Mata”

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DSC_0172O presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório, Vítor Marques, defende que “faz todo o sentido” ser este organismo a gerir o Parque e a Mata Rainha D. Leonor. Mas para isso, há que ter condições porque a manutenção dos dois espaços ascende a valores superiores a 300 mil euros anuais. Entre as preocupações desta união de freguesia estão também a manutenção dos espaços e a área social, sobretudo no apoio técnico aos carenciados e mais desprotegidos. 
A União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório é composta por 18.500 habitantes e estende-se por uma área de 31,57 quilómetros quadrados. E se Nossa Senhora do Pópulo e Coto são duas freguesias urbanas, já em S. Gregório a realidade é diferente porque possui uma extensa área agrícola e florestal.

Vítor Marques
49 anos
Eleito pelo PSD
Primeiro mandato
Profissão: Empresário
Estado civil: casado, com três filhos

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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GAZETA DAS CALDAS – É empresário e nesta primeira incursão pela vida política foi eleito presidente desta união de freguesias. Como está a correr o mandato?
VÍTOR MARQUES – Provavelmente será mais fácil do que com alguns colegas que já tinham experiência na vida autárquica.
Faço um saldo positivo. No nosso caso, a União não trouxe prejuízo às freguesias. Acabamos por conseguir ter mais serviços, dar mais acompanhamento à população e fazer mais trabalho do que antes. Isto acontece porque a nova lei trouxe um conjunto de competências para as Juntas, e outras que poderiam ser delegadas pela autarquia, que se vieram a concretizar.
Pela dimensão e pela forma própria de estar deste executivo, nós fomos, a pouco e pouco, criando condições de trabalho diferentes. Antes, a freguesia de Nossa Senhora do Pópulo tinha um funcionário a trabalhar na rua e Coto e S. Gregório não tinham funcionários, e agora temos vários, embora em situação precária – no âmbito de contratos de Emprego-Inserção (CEI), através do Centro de Emprego. Também passámos a ter alguns equipamentos como uma camioneta e um tractor.

GC – Mas são realidades muito diferentes, a de Nossa Senhora do Pópulo e também Coto, essencialmente urbanas, e S. Gregório, que é uma freguesia rural.

VM – São três realidades distintas. Também aqui houve conjugação dos esforços e trabalhos. No caso da freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, há espaços verdes que são geridos pela Câmara e outros por nós, o que também permite dar uma melhor resposta no Coto e em S. Gregório.

GC – Quais as promessas eleitorais que já cumpriu desde que tomou posse?

VM – Não fizemos grandes promessas. O que nos comprometemos foi a trabalhar em prol dos nossos fregueses e a dar uma resposta rápida, e isso temos feito. Temos uma forma muito sui generis de funcionar, em que não temos um dia especifico para atendimento e as pessoas quando têm assuntos para apresentar deixam uma nota na Junta de Freguesia e nós, na maior parte das vezes, vamos ao encontro dessas pessoas. A maior parte dos assuntos resolvem-se logo pelo telefone. Depois, se necessário, vamos ao local ou as pessoas vêm à Junta para conversarmos. Num espaço de quatro a cinco dias contactamos as pessoas e temos uma informação do que podemos e devemos fazer.

Temos vindo a desenvolver trabalhos de manutenção e limpeza e adquirido um conjunto de equipamentos, como a ilha de fitness que instalámos no Parque [que é propriedade do Ministério da Saúde], ou a instalação de um campo de paddle em Belver. Apostamos bastante na requalificação dos espaços.

Uma das coisas que também avaliámos foi a construção de um forno crematório, mas é um investimento compreendido entre 700 mil a 1 milhão de euros, e entendemos que a Junta não tem essa capacidade de investimento. Ainda procurámos um parceiro privado, mas até à data não conseguimos encontrar nenhum e não me parece fácil nesta altura.

Houve a promessa de uma interligação muito grande com as associações e o município e estamos a fazê-lo. Arrisco-me a dizer que colaboramos em todos os eventos da nossa freguesia, com pessoal ou com equipamentos.

GC- O que ainda querem fazer?

VM – O facto de ser ter sido o município a propor fazer esta união de freguesias permitiu-nos obter uma majoração de 30% sobre o valor do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), que é de 170 mil euros, acabando por receber 200 mil euros. Em cada um dos anos deste mandato pretendemos fazer a aquisição de meios, na ordem dos 30 mil euros, para dotar a freguesia de melhores condições de trabalho. O ano passado comprámos uma camioneta e um tractor com roça-caniços e este ano pretendemos comprar uma retroescavadora. Provavelmente para o ano o investimento será feito em carrinhas para transporte.

GC – Quais os principais problemas desta união de freguesias?

VM – São três freguesias diferentes e os problemas também o são. S. Gregório tem mais caminhos rurais para manter, alguns problemas de alcatrão e da rede de água. Estamos a bater-nos com o município para melhorar a canalização de água na Fanadia e S. Gregório em 2016 e o alcatroamento entre 2016 e 2017. No Coto preocupamo-nos essencialmente em fazer a manutenção do que já existe.
Uma das áreas que nos preocupa bastante é a área social. A Junta já tinha uma psicóloga, mas achamos que há uma necessidade grande e temos já uma nova estagiária na área. Estamos a oferecer os seus serviços aos agrupamentos escolares da freguesia e à Câmara para ajudar nos seus projectos sociais, nomeadamente com carenciados, vitimas de violência doméstica, na protecção de menores e na intervenção precoce.

GC – Qual o orçamento para este ano?
VM – O orçamento inicial é de 463.882 euros. Em Abril introduzimos o saldo transitado, no valor de 90 mil euros, o que nos permite ter um orçamento de 550 mil euros para trabalhar. Deste montante 200 mil euros são do FEF, mais 30 mil euros do IMI (proveniente do valor dos prédios rústicos e 1% do dos urbanos).

Também recebemos algumas verbas através do Centro de Emprego pois os desempregados vão à Junta fazer as suas presentações periódicas e com a passagem de atestados.GC – E chega para as vossas necessidades?
VM – É com as verbas que temos que temos que nos reger. Podem ficar algumas coisas que gostaríamos de fazer, mas se não há verbas, não se faz.
Temos conseguido até extravasar algumas das nossas competências. Já conseguimos fazer o alcatroamento de algumas ruas, que é competência do município, mas que eram urgentes e, no Coto, por exemplo, canalizámos as águas pluviais e fizemos uma valeta, uma obra que foi tripartida ao nível dos custos.

Há mais de um ano que temos assegurado a manutenção da Mata, depois de acordado com o município. Também no Parque houve alguns apoios de manutenção.

“Provocamos para que as coisas aconteçam”

GC – Fazem um trabalho muito assente em parcerias.
VM – E muitas vezes vamos provocando para que as coisas aconteçam. Por exemplo, ainda recentemente fizemos a limpeza da área envolvente da ESAD porque o IPL deixou de ter condições para o fazer. Queremos contrapartidas, mas não financeiras, que passam por uma maior interactividade entre a escola e o município.
Também os Silos têm sido nossos parceiros em actividades, como nas comemorações do 25 de Abril. Por exemplo, pagámos a impressão dos mapas do CLN e limpámos os espaços para decorrerem os eventos.
GC – Quantos funcionários tem a Junta?
VM – Os quadros da Junta são três administrativos na sede, mais uma administrativa em S. Gregório e outros dois funcionários, num total de seis. Temos também a trabalhar connosco mais 11 pessoas através de contratos de Emprego-Inserção (CEI) e um tractorista contratado a uma empresa temporária.
Existem ainda quatro contratados. Dois são professores que dão ginástica sénior e duas psicólogas (uma delas estagiária do PEPAL).
Lançámos concurso para ter mais cinco pessoas a trabalhar na Junta, que deverão entrar em Setembro, mas iremos reduzir nos CEI.
GC – As escolas mantêm-se todas a funcionar?
VM – Só temos dois casos mais problemáticos, que correm o risco de fechar, que são a escola da Lagoa Parceira e a do Parque.
Como alguns dos edifícios são antigos, estamos a fazer algumas obras. Inclusive na Encosta do Sol estamos a intervir para que os professores possam ali fazer uma pequena horta. Também articulamos com os agrupamentos o transporte dos alunos.
Ao todo, temos 791 alunos, entre o pré-escolar e o primeiro ciclo.

GC – Como é o diálogo com o presidente da Câmara?
VM – Somos da mesma geração, estudámos no Parque, participámos em movimentos associativos e fomos tendo sempre respeito e também amizade mútua.

Ao longo do tempo fomos ganhando proximidade, respeito e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, que permitiu que eu fosse convidado para a união de freguesias. A forma como trabalhei com ele permitia-me pensar que poderíamos fazer em conjunto, embora cada um na sua tarefa, algo importante para o concelho e isso tem-se concretizado. Tem havido diálogo e as sinergias acontecem mesmo.GC – A delegação de competências é uma boa medida ou é um presente envenenado?
VM – Temos este número de pessoas a trabalhar connosco porque os encargos são diminutos. No dia em que não haja esta possibilidade é mais complicado.
Se hoje sentimos que temos condições, ainda que precárias, para fazer as delegações de competências, temo que um dia que se inverta este estratagema não se consiga fazer o que nos é delegado.GC – Querem ter uma participação activa na manutenção do património termal?
VM –  Para nós fará todo o sentido ser a Junta de Freguesia a gerir o Parque e Mata. Mas para isso há que ter condições. Só para a manutenção corrente dos dois espaços os valores serão superiores a 300 mil euros anuais.
Mesmo que haja esse dinheiro da parte do município, depois são precisos também meios humanos para o fazer e há que avaliar a situação.
Pensamos também que as juntas, pela dimensão e o facto de serem equipas mais reduzidas, conseguem um acompanhamento e aproveitamento diferente, e tudo isto para melhor, do que quando as estruturas são maiores.

“Não sou político, estou na política”

GC – Como é o dia a dia de um presidente de Junta?
VM – É um dia cheio. Esta junta, e por ser a maior do concelho, acaba por ter uma série de inerências. Representamos no CCC, ADIO, Centro da Juventude, Museu do Ciclismo e ainda faço parte do conselho directivo da ANAFRE, e tudo isto preenche muito o nosso tempo.
Como tem sido um ano de aprendizagem, faço questão de estar envolvido para ter a sensibilidade das coisas.

GC – Quais são as maiores dificuldades com que se depara?
VM – Não vejo grandes dificuldades. Temos um conjunto de colaboradores fantásticos, que já cá estavam. Trabalhamos de uma forma muito salutar. O próprio executivo (formado por quatro elementos do PSD e um do PS) trabalha todo para a mesma finalidade. O que cada um se compromete a fazer tem que cumprir e não nos temos defraudado uns aos outros.

GC – E como tem sido o comportamento da oposição na Assembleia de Freguesia?
VM – Temos a felicidade de ter como presidente da Assembleia de Freguesia, José Fernando, e as reuniões são muito informais, embora com muito respeito. Cada assembleia tem sido bastante saudável e gratificante.
O executivo tem a convicção que não faz tudo nem faz tudo bem feito e que somos sujeitos a críticas e estamos aqui para as receber. A primeira coisa que fazemos é apelar para que as pessoas, ou a oposição, nos apontem os problemas, pois nem sempre sabemos deles.

GC – Como é que se meteu na política?
VM – Esta é uma participação não ideológica, embora as coisas possam evoluir. Aqui o que aconteceu foi a oportunidade do convite do PSD e foram as pessoas que o fizeram e que me mereciam credibilidade.
Não sou político, estou na política.

GC – Tenciona recandidatar-se?
VM – Não sei. Mas este é um trabalho que estou a gostar de fazer e acho que, seja aqui ou noutro lado, posso desenvolvê-lo de forma positiva, se o fizer da mesma forma que o estou a fazer agora.

GC – Nasceu nesta freguesia?
VM – Sou pois. Nasci na Rua Henriques Sales, nº 48, onde vivi até aos nove anos. Depois fui viver para o Avenal e aos 36 anos fui morar para o Campo.

GC – Das suas funções neste cargo, de que é que gosta mais?
V.M – Gosto de estar com as pessoas e ajudar a resolver os seus problemas.

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