Margarida Marques: “é preciso proteger a democracia europeia contra os crescentes populismos”

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O Central esteve cheio para escutar a candidata socialista

A deputada socialista Margarida Marques esteve nas Caldas a 6 de Março para conversar sobre a importância de participar nas eleições europeias que se realizam em Maio próximo. A também candidata às eleições para o Parlamento Europeu referiu que é preciso “proteger a democracia europeia contra os crescentes populismos”. A intervenção de Margarida Marques decorreu no Café Central e fez parte do ciclo “Caldas com futuro”, organizado pelo PS local.

“Pela primeira vez há um país que quer sair da União Europeia”, disse Margarida Marques sobre o facto do Reino Unido querer abandonar a União, com ou sem acordo, no próximo dia 29 de Março. Na sua opinião, o Brexit é algo que abanou a solidez da UE e que inicialmente até se temia o efeito dominó, ou seja, havia o receio de que outros países também quisessem sair. Mas tal facto não se constatou e, segundo sondagens feitas em países como a Dinamarca e na Holanda “afinal até se constatou um reforço de pertença à União”.
Para a deputada, o mais importante é que apesar da posição do Reino Unido, os 27 estados-membros mantiveram-se unidos neste processo de negociação, ou seja, “a União funcionou, registando-se uma grande unidade entre os países ao passo que do lado do Reino Unido há uma divisão enorme”, referiu.
O Brexit foi um dos pontos que a candidata a eurodeputada fez questão de destacar, a par das migrações. Margarida Marques acha que a Europa não reagiu de forma solidária ao fluxo migratório e que alguns países sentiram essa atitude de forma mais veemente como foram os casos da Grécia, Itália, Áustria, Alemanha. Portugal, por seu lado, teve uma atitude exemplar pois “dispôs-se desde a primeira hora a receber mais migrantes”, disse.
No entanto, a convidada referiu que em vários países europeus corriam boatos de que os refugiados iriam poder contar com subsídios, casas e empregos, mesmo ao lado de cidadãos nacionais atingidos pela crise financeira. “Criou-se então o mito de que os refugiados seriam mais bem tratados do que os europeus”, afirmou Margarida Marques, acrescentando que esta ideia foi explorada sobretudo pela extrema-direita europeia. Aconteceu na Hungria, na Polónia e ultimamente também em Itália. Nos dois primeiros países, Margarida Marques acha que o Estado de Direito está posto em causa. “Já não tenho a certeza se a liberdade de expressão é respeitada nesses países”, disse.
Ataques desmontados

Margarida Marques considera muito importante que se vote nas eleições europeias

Houve ainda um outro factor que abalou a Europa: o terrorismo. Os sucessivos ataques que se viveram em solo europeu “criaram fragilidades dando a sensação que a União não tinha capacidade para proteger os seus cidadãos”, disse a candidata. No entanto, referiu também que existiriam ataques terroristas em preparação que foram desmontados a tempo pelas autoridades. “Houve, de facto, uma acção europeia pois vários ataques foram anulados”, afirmou.
A estes factos somaram-se as crises soberanas e a incapacidade de reagir de forma solidária. Foram impostas políticas de austeridade que implicaram sérias consequências na vida dos cidadãos, desde cortes nos salários e pensões até à perda de trabalho e de casas. Durante os anos da crise “a UE não dispunha dos instrumentos necessários para reagir de uma forma solidária à crise financeira nas economias”, referiu a socialista.
Margarida Marques considerou que as crises financeiras, o Brexit, os refugiados e o terrorismo criaram alguma fragilidades sobre a capacidade dos cidadãos confiarem na União Europeia e o problema é que “estas perturbações levaram ao aparecimento de movimentos e de partidos que nunca gostaram da democracia europeia nem do estado social europeu e que sempre combateram a democracia”. Para a socialista é importante perceber que os movimentos populistas “representam os cidadãos que não se sentem representados pelos partidos das ditas famílias políticas europeias”.
E por isso nas eleições de 26 de Maio é necessário garantir o número de deputados maioritário ligado a partidos democráticos. Como segundo objectivo Margarida Marques nomeou a necessidade de ter “um pilar de socialistas e de trabalhistas forte, de esquerda e centro esquerda europeu”.