PCP vai levar à Assembleia da República problemas da Saúde nas Caldas da Rainha

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Bruno Dias, deputado do PCP na Assembleia da República, acha insólito que a administração do Centro Hospitalar Oeste Norte esteja demissionária há quatro meses, sem que o Ministério da Saúde tome qualquer decisão sobre a sua substituição.
O deputado esteve reunido com a administração demissionária e não deixou de reparar nas “divergências de opiniões” dos seus elementos, não escondendo que o ambiente é algo conturbado.
“Numa altura em que há uma encruzilhada importante para a instituição, é importante que exista uma equipa e orientação estratégica para tomar decisões”, defende o deputado.
A reunião decorreu a 12 de Julho, no mesmo dia em que Bruno Dias se reuniu com os responsáveis do Conselho Clínico do Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte (a directora não esteve presente por motivos de saúde).
O grupo parlamentar do PCP na Assembleia da República foi alertado pela estrutura local para mais estes problemas no sector da Saúde no concelho, que prejudicam também a região.
“Nós temos vindo a fazer muitas iniciativas na região e no concelho, lidando com quem está no terreno para que possamos actuar de uma forma mais informada e contribuir para que os problemas possam ter uma resposta”, salientou Bruno Dias.
Depois das duas reuniões, o deputado ficou ainda mais preocupado com estas questões relacionadas com a saúde e vai intervir na Assembleia da República. “Houve situações concretas que tomámos conhecimento nestas reuniões que justificam um questionamento e alerta junto do Ministério da Saúde”, comentou.
Uma das principais preocupações prende-se com a situação financeira do CHON. “Infelizmente não é um problema único no país, mas é grave”, afirmou o deputado.
O comunista não acha razoável que existam ainda serviços a funcionar em contentores, ou que haja doentes a passarem a noite deitados numa maca em corredores.
Também presente nas reuniões, o deputado municipal Vítor Fernandes começa a desconfiar que “não vai haver hospital novo, nem vai haver ampliação”. Tendo em conta o facto de já existir um programa funcional para o novo Hospital Oeste Norte e da ministra da Saúde ter vindo agora dizer que o governo optava pela ampliação do antigo, o deputado municipal suspeita que o objectivo é não se fazer nada. “Não há projectos para essa ampliação”, afirmou.
Outra questão a clarificar está relacionada com o Hospital Termal. “Há cerca de um ano que foi assinado um protocolo para a elaboração de um estudo sobre o termalismo e até hoje continua a haver um grande silêncio sobre isso”, comentou Bruno Dias.

Faltam médicos, enfermeiros e administrativos

Bruno Dias foi também alertado para o facto das mudanças nos serviços básicos de saúde terem afectado a procura nas urgências, porque muitas pessoas ficaram sem médico de família.
“Devido à constituição das Unidades de Saúde Familiar, quem ficou de fora delas tem uma situação mais difícil. Há muitas pessoas que não têm médico de família”, referiu.
Segundo Vítor Fernandes, houve um aumento de 20% na procura das urgências do Hospital das Caldas, nas horas mais críticas, depois de terem sido feitas as alterações de funcionamento do Centro de Saúde.
Embora tenha ficado com a ideia de que os responsáveis locais estão a fazer tudo o que é possível para responder a estes problemas, Vítor Fernandes referiu que existem outras questões que “não estão nas mãos deles”, nomeadamente a falta de médicos, enfermeiros e administrativos, que afecta muito a capacidade de resposta dos serviços. “São questões estruturais que se colocam ao nível da tutela”, considera Bruno Dias.

Linha do Oeste debatida na Assembleia da República

O deputado Bruno Dias anunciou durante a visita às Caldas da Rainha que o PCP iria abordar a questão do adiamento das obras de modernização da Linha do Oeste na reunião da Comissão dos Transportes, a ter lugar esta quarta-feira (já depois do fecho desta edição).
Bruno Dias contou que há cerca de um mês perguntou pessoalmente ao ministro dos Transportes se confirmava a perspectiva de cortes orçamentais de 30% nos investimentos da Refer.
“Quem respondeu foi o secretário de Estado dos Transportes, que disse que isso eram boatos. Mas afinal os cortes orçamentais para o investimento são de 75%”, sublinhou.
“O governo enche a boca a falar de alta velocidade e de ligações internacionais, num suposto modernismo que afinal tem pés de barro”, considera o deputado.
Bruno Dias recorda que o PS fez campanha eleitoral a dizer que ia requalificar a Linha do Oeste, já depois da crise económica mundial ter começado.