O presidente da Câmara das Caldas da Rainha está convicto que o futuro Centro Hospitalar do Oeste irá ter a sua sede nesta cidade e que essa junção irá garantir que a unidade caldense manterá as principais especialidades médicas.
A garantia terá sido transmitida a Fernando Costa pelo presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro. “Pelo menos foi-me transmitido que a minha proposta era razoável e que eu podia ficar descansado quanto a esse assunto, por isso para mim é uma garantia”, afirmou o edil caldense. Em troca, o mais natural é que a sede de um novo agrupamento de centros de saúde, que vai agrupar os dois actualmente existentes, seja em Torres Vedras. “O presidente da ARS vai negociando coisas que não estão no estudo”, revelou.
O autarca quer que seja garantida a manutenção das consultas externas das especialidades actualmente existentes no hospital das Caldas, mesmo que algumas dessas valências passem a concentrarem-se em Torres Vedras.
Tendo em conta que se prevê que fica nas Caldas a valência das urgências médico-cirúrgicas para toda a região, “este passa a ser o hospital central”. Mas admite que as cirurgias programadas possam ficar em Torres.
Fernando Costa convocou no domingo uma conferência de imprensa sobre “questões de saúde” para a segunda-feira, dia 20, depois de uma semana conturbada motivada pela notícia de que os centros hospitalares Oeste Norte e de Torres Vedras irão agrupar-se num só.
Fernando Costa começou este encontro com a imprensa a dizer que “vinha falar sobre as negociações que estamos a ter com o Ministério da Saúde e com a ARS”.
Segundo o autarca, para além das reuniões com o presidente da ARS, teve também “uma conversa muito breve” com o ministro da Saúde, Paulo Macedo. Fernando Costa espera reunir em breve com o governante, num encontro onde pretende que estejam presentes todos os autarcas do Oeste.
Nessa reunião espera não só discutir a fusão dos dois centros hospitalares do Oeste, mas também a falta de médicos e a junção dos dois agrupamentos de centros de saúde.
Para o edil caldense, a fusão dos dois centros hospitalares da região não será vantajosa, tendo em conta que quando se criou o CHON, reunindo os hospitais de Alcobaça, Caldas e Peniche, “as despesas aumentaram”. A única vantagem, na sua opinião, é que esta nova unidade hospitalar irá servir mais de 400 mil habitantes, ganhando com isso uma escala maior e beneficiando de mais serviços e especialidades. “É fundamental que as especialidades de Urologia e Reumatologia sejam reactivadas nas Caldas, depois de terem acabado por falta de médicos”, disse.
Esta será também uma forma de manter a funcionar a maternidade do hospital das Caldas, onde têm sido feitos menos partos do que o número mínimo necessário para a sua continuidade. O mesmo tem acontecido na maternidade de Torres Vedras, onde tem havido ainda menos nascimentos. “Neste caso aponta-se, indiscutivelmente, o hospital das Caldas para ficar com as especialidades de Obstetrícia e de Pediatria”, afirmou o autarca. No entanto, admite que as novas valências possam ser repartidas entre Caldas e Torres Vedras. Quer também que sejam garantidas as obras necessárias para que o hospital possa albergar novas especialidades.
HIPÓTESE DE NOVO HOSPITAL PERDE FORÇA
Fernando Costa não esquece também a necessidade de se avançar com a ampliação desta unidade hospitalar, como estava previsto pelo anterior governo, depois de ter sido abandonada a ideia de construir um novo edifício. “Essa vontade de se construir um novo hospital perde força com a junção destes dois centros hospitalares”, considera
Fernando Costa acha que o governo não irá desistir da ideia de juntar os dois centros hospitalares “que já vinha a ser equacionada pela ex-ministra da Saúde, Ana Jorge”.
Fernando Costa queria adenda ao abaixo-assinado
O presidente da Câmara só aceitaria assinar a petição que a oposição está a promover se este tivesse uma adenda que incluísse mais questões sobre a saúde no concelho, que considera essenciais.
“Estive quase para a assinar, mas depois de a ler bem, achei-a redutora”, declarou aos jornalistas. “O que está na petição é o que o governo vai fazer e se for à Assembleia da República é aprovada de caras porque todos estão de acordo”, considera. “Depois disso adeus ao alargamento do hospital ou um novo e novas valências para as Caldas, porque não faz parte do abaixo-assinado”, afirmou.
Mesmo tendo em conta que dezenas de pessoas já assinaram a petição, o autarca acha que seria possível colocar uma adenda.
Perante as críticas de quem considera que Fernando Costa está menos contestatário em relação a esta matéria, até porque parece aceitar o que está a ser decidido, o presidente da autarquia nega que seja assim. “Alguém acha que agora, em fim de carreira, me iria vergar a qualquer governo?”, perguntou, para acrescentar depois que “apresentaram-me argumentos que me levam a ter que vergar”.
Fernando Costa não terá ido à reunião no CCC porque acha que teria que ser feito um convite ao presidente da Câmara e só lhe disseram que qualquer um seria bem-vindo. “Isto é um claro “não” à presença do presidente da Câmara”, considerou, lamentando que não exista consonância de todos os partidos, ao contrário do que é costume acontecer nas questões de saúde. Por outro lado, a própria convocatória criticava a posição dos autarcas do PSD e do CDS.
Segundo o edil caldense, havia autarcas do PSD que estavam a caminho daquele encontro, mas quando souberam dos insultos proferidos a Manuel Isaac, desistiram. “Só não tive tempo de chegar a horas, senão ia lá, nem que fosse para ser insultado”, disse.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
O presidente do municipio de Peniche também acreditou na ARS e na palavra dos CA do CHON, e ficou com um hospital-fantasma