Socialistas têm seis das doze Câmaras do Oeste, enquanto o PSD tem quatro. CDU e independentes lideram uma Câmara, respetivamente
As eleições autárquicas deste ano começaram a ser trabalhadas pelas forças políticas há vários meses, sendo certo que o PS pretende manter o mapa do Oeste mais rosa no ato eleitoral de outubro.
Os socialistas são poder em metade dos concelhos da região (Bombarral, Nazaré, Lourinhã, Alenquer, Torres Vedras e Arruda dos Vinhos), enquanto o PSD lidera em quatro autarquias (Caldas da Rainha, Óbidos, Alcobaça e Cadaval). A CDU tem em Sobral de Monte Agraço o único bastião, depois de ter perdido Peniche para um movimento de independentes em 2017.
E apesar de apenas o PS ter formalizado as candidaturas de Luís Miguel Patacho em Caldas da Rainha e Ângelo Marques em Peniche, há muitas movimentações em curso, aguardando-se nas próximas semanas algumas confirmações, nomeadamente de recandidaturas de presidentes de Câmara em exercício e que pretendem fazer um terceiro e derradeiro mandato.
Do lado do PSD, há três presidentes de Câmara que devem ir pela última vez a votos: Fernando Tinta Ferreira em Caldas da Rainha, Humberto Marques em Óbidos e José Bernardo Nunes no Cadaval. Mas no PS o cenário também se repete, com Walter Chicharro na Nazaré, Pedro Folgado em Alenquer e João Duarte Carvalho na Lourinhã. A CDU tem em Sobral de Monte Agraço, com José Alberto Quintino, questão semelhante.
No PSD, Rui Rio deu ordens às Concelhias para não se pronunciarem sobre autárquicas antes das presidenciais, mas restam poucas dúvidas de que Tinta Ferreira deve recandidatar-se ao derradeiro mandato nas Caldas, onde o PSD domina desde 1985. De resto, o partido venceu todas as autárquicas no concelho, com exceção de 1982, quando o CDS ganhou a Câmara com maioria relativa
Em Óbidos, o cenário é idêntico, com Humberto Marques a poder avançar para o terceiro mandato. O social-democrata manteve o poder na sucessão de Telmo Faria, que, em 2001, quebrou a hegemonia histórica do PS no concelho.
No Bombarral, o PS recuperou, em 2017, a autarquia com Ricardo Fernandes, após 24 anos afastado do poder. PSD e CDS concorreram coligados em 2017, não havendo indícios que a parceria se repita, enquanto a CDU perdeu o vereador e deverá apostar forte para tentar voltar ao executivo.
Peniche é um verdadeiro “case study”. PS e PSD alternaram no poder entre 1976 e 2001, mas em 2005 a CDU arrebatou a autarquia, com António José Correia. Seguiram-se três mandatos da coligação e, em 2017, foi a vez de uma lista de independentes, liderada por Bertino Antunes ganhar a Câmara. O PSD foi a segunda força mais votada, o PS obteve o pior resultado de sempre e a CDU viu-se reduzida a um vereador. Para já, apenas os socialistas apresentaram o candidato: trata-se de Ângelo Marques, líder da Concelhia.
Alcobaça é o único município da região em que um presidente de Câmara em exercício não se pode recandidatar. Paulo Inácio sai ao fim de 12 anos, depois de outro ciclo de 12 anos de José Gonçalves Sapinho. O denominador comum neste quarto de século de poder do PSD é Hermínio Rodrigues, primeiro como vereador e, agora, como vice-presidente e que é apontado como o cabeça de lista dos social-democratas. Mesmo com uma acusação pendente, por causa dos centros escolares. Naquele concelho, o PS tem uma tradição recente de divisão interna, que se tem vindo a agravar. O líder da Concelhia, Rui Alexandre, quer avançar como candidato, mas a estrutura local continua dividida e há quem ainda fale em primárias.
Na Nazaré, Walter Chicharro já se anunciou como recandidato. Depois de recuperar uma Câmara emblemática em 2013, após 20 anos de poder do PSD com o independente Jorge Barroso, o socialista subiu a votação para níveis nunca vistos no concelho. Em 2017, o PSD juntou-se a dois movimentos de independentes, mas o resultado da soma foi a diminuição dos votos…
Virando a agulha a sul, o PSD também é prevalente no Cadaval, onde o partido está instalado nos Paços do Concelho desde 2001. Há quatro anos, José Bernardo Nunes obteve o melhor resultado de sempre do partido, atingindo os 61,05%. O autarca deve tentar um terceiro e derradeiro mandato.
Já a Lourinhã é fiel ao PS desde que há poder autárquico local eleito no nosso país. Em 2017, João Duarte Carvalho foi eleito para um segundo mandato, tendo sucedido a José Manuel Custódio, que saiu em 2013 após ter atingido o limite de mandatos.
Também Alenquer é terreno muito fértil para o PS, que ganhou todas as eleições autárquicas. Sem surpresa, Pedro Folgado, que é também presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste, deve partir para tentar um terceiro mandato.
E em Torres Vedras o cenário repete-se desde 1976, com maiorias sucessivas socialistas. Carlos Bernardo foi eleito pela primeira vez há quatro anos e manteve a maioria absoluta, tudo indicando que se recandidate ao cargo.
Depois de um ciclo de 16 anos, Arruda dos Vinhos voltou a ser socialista em 2013 com André Rijo. Em 2017, o autarca subiu a fasquia, obtendo 71,32% dos votos. Deve concorrer ao terceiro mandato.
Resta falar de Sobral de Monte Agraço, que só em 1976 não foi pertença da CDU. Nas primeiras autárquicas, o PS venceu, mas, desde então, os comunistas dominam. José Alberto Quintino deve candidatar-se ao terceiro mandato. ■
Figuras em destaque nas próximas autárquicas
Tinta Ferreira
PSD/Caldas
Sucedeu ao histórico Fernando Costa e tem a confiança do partido para tentar um terceiro mandato. Mas há ainda dúvidas sobre quem o acompanhará…
Ricardo Fernandes
PS/Bombarral
Há quatro anos protagonizou uma das surpresas da noite eleitoral, ao recuperar a Câmara do Bombarral ao PSD. Vai, agora, a votos com lastro de poder
Bertino Antunes
GCEPP/Peniche
É o único presidente de Câmara do Oeste e do distrito de Leiria eleito por uma lista de independentes, tendo conquistado a Câmara à CDU
Hermínio Rodrigues
PSD/Alcobaça
Está na Câmara de Alcobaça há 24 anos, primeiro como vereador e agora como vice-presidente. É apontado como candidato do PSD