Ser empreendedor tem um fascínio que junta risco e ousadia, situação que não tenta ainda em Portugal muitos jovens, mas que alguns que por aí trilham os seus passos, quando desenvolvem projectos com senso e com objectividade em relação às oportunidades do mercado, podem obter bons resultados.
O designer António Duro, alentejano dos sete costados, mas que veio para as Caldas da Rainha há cerca de três décadas experimentar as técnicas e as possibilidades que a cerâmica lhe podia dar, desenvolveu na cidade bordaliana as suas criações, tendo hoje uma pequena e dinâmica empresa com já mais de duas dezenas de colaboradores, que produz cerâmica que corre o mundo e que enriquece as montras das lojas com produtos de qualidade para o turismo crescente que chega ao mercado português. Nos aeroportos portugueses a sua cerâmica tem uma projecção considerável, junto com as principais marcas de recordações do país, tanto em cerâmica como noutros materiais.
Mas há também um outro projecto, este de Miguel Castro, que depois das suas apostas nos meios da programação informática, fixou-se agora nos projectos ligados à natureza e especialmente ao mar. E assim iniciou uma proposta de passeios de barco na Lagoa de Óbidos, oportunidade que há largos anos estava por explorar e que só a desatenção dos investidores não aconteceu antes, apesar de algumas propostas não concretizadas. Um espelho de água como o da lagoa de Óbidos é uma oportunidade única para o objectivo a que agora Miguel Castro se propõe responder.
Ambos os projectos merecem a admiração e o aplauso de Zé Povinho que espera vê-los obterem o maior sucesso nos próximos tempos.
Zé Povinho foi à Feira do 15 de Agosto e não gostou nada do que viu. A feira centenária, que tem vindo a perder fulgor, estava mal iluminada e nada trazia de novo. Aliás, Zé Povinho encontrou um recinto mais vazio de vendedores e de compradores que nos últimos anos e até ouviu várias pessoas dizerem que este foi o pior 15 de Agosto de sempre.
Não se pode, obviamente, dissociar o facto de a feira se ter realizado em plena greve dos motoristas de matérias perigosas e em dias em que o próprio S. Pedro poderia ter colaborado mais, mas, ainda assim, também não se pode deixar de destacar pela negativa o vereador responsável, o professor Pedro Raposo, pelo insucesso do certame.
Zé Povinho sabe que o vereador até é mais dado ao desporto e que não é responsável por este pelouro há muito tempo, mas também não viu qualquer esforço para melhorar o evento. Não houve divulgação, nem sinalização e, muito menos, um rasgo de… originalidade.
É certo que o Verão nas Caldas até está a correr bem, com as Tasquinhas e a Frutos a trazerem milhares de pessoas e com a programação a permitir que os três eventos se sucedessem em termos temporais. Mas, até por isso, dá mais a ideia que o 15 de Agosto é o parente pobre dos festejos de Verão caldenses.
A feira não foi bem dividida por secções e a iluminação e o piso são, todos os anos, motivos de queixa. Não existem novidades neste evento, que assim vai sentindo cada vez mais dificuldades em atrair pessoas. O conceito de feira, em si mesmo, já está algo gasto, mas há exemplos de outros mercados pelo país que se souberam reinventar para se manterem vivos e dinâmicos. Era bom que nas Caldas, terra das artes e das termas e que tem na sua Praça da Fruta o seu ex-líbris, houvesse criatividade para dar um novo impulso a uma tradição que ameaça perder-se com o tempo.