A semana do Zé Povinho

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Na semana passada Gazeta das Caldas noticiou que três atletas do Acrotramp Clube das Caldas se sagraram campeões nacionais nos aparelhos de duplo-mini trampolim e de tumbling. E na mesma sexta-feira em que o jornal foi para as bancas o clube caldense organizou mais um dos seus saraus de ginástica, que além de mostrarem o grau de evolução dos vários estágios de aprendizagem, também trouxeram às Caldas atletas de gabarito, nacionais e estrangeiros.
Ano após ano, o clube consegue surpreender a estes dois níveis. As notícias dos campeões regionais e nacionais sucedem-se, já com muitas gerações de atletas titulados e a darem à cidade que os viu nascer a honra de os ver representar no estrangeiro as cores da bandeira nacional. E todos os anos o espectáculo de final de época é capaz de surpreender pela originalidade dos esquemas apresentados e pela capacidade de atrair atletas de topo, com títulos europeus, mundiais e olímpicos, trazendo à cidade aquilo que de melhor no mundo se faz em algumas das disciplinas gímnicas.
O professor Stélio Lage, que é presidente e treinador do clube, e também professor de Educação Física, já leva 44 anos de carreira, 40 dos quais nas Caldas da Rainha, mas não se cansa de proporcionar aos caldenses estes bons momentos. E quando um evento termina já está a pensar no que pode fazer a seguir para elevar a fasquia.
É por isso que Zé Povinho lhe dá os parabéns, redobrados, pelo sucesso do trabalho que tem vindo a desempenhar, quer na ginástica de competição, quer na ginástica lúdica, que incute nos jovens hábitos de vida saudável. Por isso, faz votos para que continue esse trabalho por muitos e bons anos.

Zé Povinho é o filho maior de Rafael Bordallo Pinheiro, que foi o primeiro cartoonista português (embora à época o termo “cartoonista” não existisse). Os cartoons, as caricaturas, o desenho satírico e humorístico são formas de expressão visual tão dignas como a escrita e o audiovisual. E igualmente importantes numa sociedade democrática que privilegie a liberdade de expressão e o respeito pela pluralidade de opiniões.
Por esse motivo, a decisão do The New York Times em não publicar mais desenhos humorísticos nas suas edições merece a maior censura de Zé Povinho, que se declara, desde já, muito triste, desiludido – mas também irritado – com tal prática de auto-censura.
Isto porque aquela decisão – que só empobrece um dos mais prestigiados jornais do mundo – surgiu na sequência de uma polémica que envolveu a publicação de um cartoon do português António que mostrava um Trump invisual conduzido por um cão-guia representado pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu. A utilização de símbolos religiosos como o kipá (adorno que os judeus colocam na cabeça) e a estrela de David, provocaram uma chuva de críticas da comunidade judaica sobre o jornal acusando-o de anti-semitismo.
Curiosamente, António, que tinha desenhado o cartoon para o Expresso, nem sabia desta utilização, nem o The New York Times (Edição Internacional) se

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dignou colocar na sua obra o nome do cartoonista português.
Perante as críticas, o jornal norte-americano não se contentou em pedir desculpas por ter publicado o desenho e foi até mais longe, anunciando a decisão de não mais inserir cartoons nas suas páginas.
Zé Povinho acha perigosíssima esta deriva auto-censória – que é fruto da época na América de Trump – e lamenta esta cedência às chantagens dos grupos de pressão anti-democráticos perante um valor maior que é o da liberdade de expressão.

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