A Banda Comércio e Indústria foi a responsável pelo concerto de Ano Novo que teve lugar no CCC a 5 de Janeiro. Os músicos actuaram no grande auditório, que lotou, para dar as boas-vindas a 2020. O concerto contou com a participação de vários solistas da região e com a interpretação de duas obras criadas por dois compositores da região: o caldense Aurélien Vieira Lino e o obidense Rui Rodrigues.
Este foi o oitavo ano consecutivo que a Banda Comércio e Indústria (BCI) teve a missão de assinalar o novo ano com música. Anualmente, a BCI apresenta um tema para esta actuação no CCC e, para dar as boas-vindas a 2020, o maestro Adelino Mota propôs que fossem apenas interpretados temas originais para banda filarmónica. E assim ouviram-se canções como Songs of Earth, Water Fire and Sky (de Robert Smith), Adventure (Markus Gotz, Atlantis (Rob Romeyn). Cape Horn (de Otto Schawarz) contou, ainda, com a presença do solista Luís Santos, que toca trompa. O músico, formado na BCI, é o vice-presidente da Direcção do agrupamento musical caldense, além de ser docente em duas escolas de música de Seia. “Já tinha actuado com a minha banda no Natal, mas é sempre muito gratificante poder tocar no CCC”, disse Luís Santos, referindo-se às condições do centro cultural da cidade.
A BCI juntou ainda ao alinhamento a interpretação de duas obras de compositores locais. Foram ouvidas Cerberus, do obidense Rui Rodrigues e A Batalha de Ragnarok, que foi composta por Aurelien Lino. O caldense escreveu o tema dado que foi uma encomenda feita pelo tubista Sérgio Carolino para um dos seus projectos musicais e até consta num álbum que foi gravado no CCC. Posteriormente, o tema – dedicado a uma grande batalha apocalíptica da mitologia nórdica – foi adaptada a orquestra de sopros e foi gravado pela filarmónica União Taveirense, com o tubista alcobacense como solista. “Depois, com Adelino Mota, surgiu a hipótese da BCI interpretar toda a obra para uma audiência”, disse Aurelien Lino, que trabalha em Lisboa. Além de leccionar e tocar piano, o caldense também compõe para projectos de publicidade, longas-metragens e filmes de animação.
Sérgio Carolino é um dos músicos oestinos com maior projecção internacional. O tubista actua sobretudo no estrangeiro e lamenta que o seu país não valorize os seus músicos e criadores. Lastima, também, que não haja encomendas aos compositores e que “a maioria dos bons projectos se façam por carolice” e, muitas vezes, por iniciativa de grupos amadores, tal como acontece com a BCI.
Poder voltar a interpretar A Batalha de Ragnarok foi, para Sérgio Carolino, uma oportunidade de a dar a conhecer a um novo público. “É uma obra difícil e que sai um pouco da habitual programação de uma banda filarmónica”, disse o músico que, entretanto, parte em tournée para concertos e para leccionar masterclasses no Reino Unido e actuará também na Casa da Música num concerto de tuba e orquestra.
Ao longo da actuação, a BCI arrancou fortes aplausos do público, rendido à forma dedicada e rigorosa com que os músicos interpretaram cada um dos temas. Este agrupamento musical possui 73 elementos, com idades entre os 11 e os 59 anos. Os músicos têm uma idade média de 27 anos e, segundo Adelino Mota, não faltam projectos para a BCI concretizar em 2020.