A comunidade ucraniana residente nas Caldas da Rainha organizou no passado domingo, dia 23 de Outubro, uma festa intercultural, na Praça 5 de Outubro, mas os fortes aguaceiros que caíram levaram a que a festa, a meio da tarde, tivesse que ser transferida para o Centro da Juventude.
A animação foi garantida com vários artistas em palco, mas Maria Starchenko, presidente da Associação de Ucranianos das Caldas da Rainha, lamenta que as condições climatéricas não tenham permitido que o evento cumprisse o seu propósito: a confraternização e encontro de culturas e mostrar as tradições dos seus países de origem.
O palco estava montado e as tendas cedidas pela Câmara das Caldas encontravam-se repletas de produtos e objectos característicos dos países de Leste. Este o cenário da Praça 5 de Outubro ao início da tarde de domingo, que convidava imigrantes e caldenses a partilhar a gastronomia e cultura daqueles países.
Olga Kachur, proprietária do mini-mercado Amizade, aberto há seis meses na rotunda do Bairro dos Arneiros, levou para o local uma amostra dos produtos que ali comercializa diariamente. Pão, queijo e chouriço tradicional ucraniano, assim como o toucinho que vendia fatiado, e bolos, eram algumas das iguarias mais procuradas.
Mesmo ao lado, numa outra tenda, sorteava-se uma viagem à Ucrânia, no valor de 500 euros, e o entusiasmo era grande. “Há muita gente a participar porque não perdem uma oportunidade de poder ir à terra natal”, explicava Ulyana Ludchak, enquanto recebia o dinheiro da rifa (um euro) e, em troca, oferecia um chocolate ucraniano.
A imigrante, que reside nas Caldas há mais de uma década e que actualmente trabalha num laboratório de análises clínicas, diz gostar da cidade onde vive e onde é “muito feliz”.
A chuva, que começou a cair com mais intensidade, levou a que o evento tivesse que ser transferido para o Centro da Juventude, onde permaneceu até ao início da noite.
Maria Starchenko disse que estava triste por o mau tempo impedir que se concretizasse o objectivo do evento, que era a confraternização e encontro de culturas, pois os caldenses acabaram por não se dirigir à Praça 5 de Outubro. Depois, no Centro da Juventude, também foram, na esmagadora maioria, os imigrantes de Leste os participantes.
Entre os artistas subiu ao palco a cantora ucraniana Olga Bogomolets, que numa visita de dias a Portugal não perdeu a oportunidade de participar na festa caldense. Trata-se de uma médica de profissão, que é também cantora e “possuidora da voz mais aveludada da Ucrânia”, conta Maria Starchenko, enaltecendo a presença daquela “convidada da nossa terra natal”.
Em palco estiveram também a banda ucraniana Roksolánia, de Lisboa, e artistas moldavos, romenos e guineenses, num espectáculo apresentado pelos jornalistas do programa “Nós”, da RTP2, Viktoriya Starchenko e Renato Tisolin.
Também presente na iniciativa, o vereador Tinta Ferreira destacou o “orgulho” que as Caldas sente nesta comunidade, que destacou de “trabalhadora e empenhada”. O autarca deu também nota da forma como se têm integrado e agradeceu o trabalho que estão a realizar no país.
A presidente da Associação de Ucranianos lembrou que a iniciativa levou um mês e meio a organizar e que contaram com o apoio de cerca de uma dezena de patrocinadores, incluindo a Câmara das Caldas e o Centro Local de Apoio ao Imigrante (CLAI) de Óbidos.
De acordo com Maria Starchenko, actualmente residem nas Caldas e arredores cerca de mil ucranianos. Diz que apesar da crise que o país atravessa, “vive-se melhor em Portugal do que na Ucrânia” e que os imigrantes que quiseram regressar ao país de origem já o fizeram há algum tempo.
Com esta iniciativa pretenderam mostrar que, apesar da crise, “há sempre lugar para um convívio e a amizade entre culturas” e “agradecer a Portugal por nos ter acolhido tão bem e mostrar quais são as nossas tradições”.
Embora considere que não é fácil organizar um evento deste género, a responsável gostaria que este pudesse ter uma periodicidade anual. Esta comunidade também celebra, de forma mais intensa, o Natal e o Dia da Mãe.