Mafalda Pereira, 21 Anos, Caldas da Rainha
Escola: ESAD/Curso de Design de Ambientes
País de Destino: Inglaterra
Escola Anfitriã: Nottingham Trent University, em Nottingham
Período: 1 ano (2 semestres)
GAZETA DAS CALDAS: Havia outros alunos de Erasmus na faculdade onde estudou?
MAFALDA PEREIRA: Uma coisa que se repara na Inglaterra é que a diversidade é espantosa pois quase que vemos mais pessoas de fora do que mesmo ingleses. Na escola havia muitos Erasmus, mas no meu curso eu era a única, pois os indianos, a coreana e a rapariga da Estónia, estavam mesmo integrados no curso.
GC: Que opinião têm os ingleses dos portugueses?
MP: A primeira coisa que me perguntavam era se eu conhecia o Cristiano Ronaldo. Já era a praxe. Conheci gente que já tinha vindo passar as férias ao Algarve e falavam muito bem da comida. No geral, a maior parte deles não conhecia muito bem Portugal em termos de cultura.
GC: Como é o modo de vida na Inglaterra? Muito mais caro?
MP: Quase tudo é três vezes mais caro! Às vezes pensava: “fico aqui, não fico aqui?” Pensei na família e na carreira, mas o que realmente assusta uma pessoa é que tudo é ridiculamente mais caro. Só um louco iria tentar viver para Londres.
GC: Como é a alimentação?
MP: Uma das coisas boas é que há sempre alguma coisa aberta 24 horas por dia. Por outro lado, a comida era super plástica. Já vinha tudo preparado para comer e uma pessoa caía na tentação de não andar a perder tempo a cozinhar. E os restaurantes era tudo na base do franchising, até havia um que era o “Nando’s”, com bases na comida portuguesa e africana.
GC: E o clima?
MP: Apanhei mais uns dias nublados do que por aqui, mas a diferença não é muita. O que se destaca mesmo é o frio de rachar e a neve. Achei que ia gostar muito da neve, mas volta e meia já estava deitada no chão… Por uns meses até foi giro.
GC: Academicamente, quais foram as principais diferenças que notou?
MP: Eles são muito mais práticos! Para não falar que enquanto cá tenho cinco ou seis cadeiras por semestre, eles lá tinham três cadeiras por trimestre. Mesmo assim, uma delas seria a principal e as outras duas eram apenas de complemento prático e teórico. Por isso, enquanto cá tinha vários projectos ao mesmo tempo e tinha de me desdobrar em seis ou sete, lá há um único projecto e podemos concentrar-nos muito mais nele.
Já em relação às notas, na Inglaterra existe a mesma hesitação em dar notas altas aos alunos. Nós cá temos de zero a vinte, mas ninguém leva vintes. Lá o máximo é A+, mas também ninguém tem um A+.
GC: O que a levou a ficar um ano inteiro?
MP: Eu era para ficar só o primeiro semestre, mas como eles têm uma divisão diferente do ano (é em trimestres e não semestres) achei que valeria a pena ficar lá todo o ano lectivo. Porém, havia um lapso no programa de Erasmus que dizia que quem era bolseiro, não podia ficar o ano inteiro mesmo, por conta própria. A meio do período Erasmus acabaram por me informar que era a minha prerrogativa informar-me se conseguia ficar lá o ano inteiro. Falei com as duas universidades e, como em Inglaterra estavam a gostar da minha participação, aceitaram que eu ficasse.
GC: Este era o seu último ano. Fez estágio?
MP: Não. Eles lá têm uma coisa diferente, chamada Experiência de Trabalho. Como estava a fazer o curso de Design de Cinema e Televisão, nós mesmos e a escola, tentávamos encontrar oportunidade de ir aos estúdios e acompanhar os profissionais do curso. Até fomos aos estúdios da Pinewood e estivemos na produção de uma sitcom chamada My Family (A Minha Família), na parte dos efeitos especiais e tudo isso.
GC: Se lhe dissessem para volta para Inglaterra e trabalhar nessa área, iria?
MP: Desde que comecei a tirar o curso que sei que não é isto que realmente quero. O meu grande objectivo é representar e escolhi este curso por uma questão de realismo, apesar de continuar a querer atingir a minha grande ambição. Lá na Inglaterra o que eu estudava estava muito ligado a isso e se eu estivesse realmente interessada nesta área, iria. Apesar de que o ritmo de trabalho deles é frenético pois eles trabalham, literalmente, até à exaustão, mas são os melhores. Pessoas que saíram uns anos antes de mim foram logo trabalhar para o Matrix ou com o Tim Burton.
GC: Qual foi a maior dificuldade que teve de ultrapassar durante o período Erasmus?
MP: Uma coisa que me assustou foi a homogeneidade das pessoas. Em vez de tentarem ser diferentes, tentam todos vestir-se sempre da mesma maneira e agirem exactamente da mesma maneira. Outra dificuldade foi a exigência das aulas, não porque era difícil, mas se quiséssemos ser dos melhores alunos, não podíamos ter vida social.
GC: Aconselha o Erasmus a outros alunos?
MP: Devia ser obrigatório fazer Erasmus! Muita gente me diz que no semestre em que fizeram Erasmus aprenderam mais do que no curso inteiro. Não digo que não é complicadíssimo, porque é, mas é imprescindível para o currículo.
POSITIVO
n Estar num país diferente
n O convívio, sem desmarcações à última da hora
n Sentir que somos capazes de sobreviver sozinhos
NEGATIVO
n O custo de vida. É um desperdício de dinheiro
n As oportunidades são mais difíceis de alcançar
n A vida em Inglaterra é muito feita de excessos
No meu tempo de Universidade, nós chamavamos-lhes as meninas do “Orgasmus” tal era a rebaldaria que havia quando elas chegavam…
Sim, sim devia ser obrigatório…