Festival no Landal mostra que há cada vez mais formas de cozinhar a codorniz

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Grelhadas, estufadas e fritas são as formas tradicionais de confeccionar as codornizes, mas no festival do Landal (capital desta ave) havia codorniz recheada, no forno, na feijoada, com cogumelos, à lagareiro, na canja, em bifanas, em rissóis e croquetes, na quiche, panada e até em… pizza! Além das aves, os ovos são consumidos cozidos, fritos ou utilizados em pudim.

O sétimo festival da Codorniz recebeu perto de 4000 pessoas durante quatro dias. No total consumiram-se mais de oito mil codornizes. O sábado foi o dia mais forte, servindo-se cerca de 1200 refeições.

Além das codornizes, o grupo da Paróquia tinha café d’avó e filhós a serem feitos na hora. A massa era preparada e amassada à mão por uma mulher, que depois a colocava na frigideira, de onde uma outra mulher as tirava já fritas. Muita gente paráva em frente à banca a apreciar o trabalho e a degustar os produtos quentes, numa noite bastante fria para a época do ano. No recinto do festival havia também bancas de artesanato.
Entre os diferentes pães-de-ló e lózinhos (o clássico, de chocolate, de café ou com cobertura de chocolate), o Quarteto do Doce apresentou o Folar de Codorniz. Feito com frutos secos e com um ovo de codorniz, este doce foi produzido especialmente para o evento.
No domingo de manhã realizou-se um passeio de cicloturismo à volta do Landal.

Cem voluntários de quatro associações

O festival não se podia fazer sem os voluntários que confeccionam e servem a comida. Na sua maioria bem dispostos e sorridentes, mergulhados no caos que é uma cozinha, mas sempre prontos para uma brincadeira e dois dedos de conversa. O cansaço é evidente, mas não falta profissionalismo.
Na organização trabalharam mais de 100 pessoas, distribuídas pelas quatro tasquinhas: GD Landal, GD Santa Susana, Associação do Casais da Serra e Associação de Amiais e Rostos.
António José Almeida, presidente da Junta do Landal, elogiou as associações que se têm “esforçado por confeccionar bem as codornizes e por inovar” e salientou a importância do festival para as colectividades, para a freguesia e para o concelho. “Houve pessoas a fazer mais de 200 quilómetros para comer codornizes”, realçou.
O autarca explicou à Gazeta das Caldas que a mudança de data de Julho para Junho esteve relacionada com o facto de em Julho muita gente estar de férias fora do concelho e de nessa altura haver muitas festas. “Estamos satisfeitos com a mudança de data, o festival foi novamente um êxito”, disse em jeito de balanço.
No último ano o festival decorreu em dois fins-de-semana, mas este ano optou-se por mudar o formato para quatro dias seguidos e começar à quinta-feira, o que nunca tinha acontecido. Segundo o autarca, a fórmula dos dois fins-de-semana não é benéfica para quem trabalha nas tasquinhas.
A Junta suportou todas as despesas com a animação. “Optámos por ter bandas melhores porque muitas pessoas vêm atrás da música”, esclareceu.
António José Almeida recordou que há dois anos as  tasquinhas foram renovadas e as cozinhas adaptadas. A melhoria das condições custou à Junta e à Câmara perto de 300 mil euros. Actualmente existem 400 lugares sentados.
O presidente da Junta destacou ainda o facto de “cerca de 70% da produção nacional ser do Landal, onde existe um matador” e explicou à Gazeta das Caldas que o sector “envolve mais de cem famílias”.
Além disso, fez notar que desde que o festival foi criado e com a divulgação que trouxe, os criadores aumentaram muitas as vendas, não só das codornizes como dos ovos.

Elogios à comida e sugestões de melhoria do espaço

Carla Inácio, de Alguber, veio com o marido, a mãe e o pai ao festival da codorniz do Landal. Foi a primeira vez que visitaram este certame. “Somos de perto e já tinhamos ouvido falar, tínhamos curiosidade”, explicou, acrescentando que estavam em casa quando na televisão apareceu o anúncio publicitário. “Vamos lá, já que é tão pertinho”, disseram logo.
“Para o evento que é, penso que está com pouca capacidade para receber tanta gente”, afirmou Carla Inácio, explicando que tiveram que comer nas mesas na rua para não ter de esperar. “Se estivesse bom tempo era ao contrário, toda a gente queria comer na rua, mas com o vento…”.
Ainda assim deixa muitos elogios: “as codornizes grelhadas estavam muito boas e o atendimento foi óptimo”.
Já Célia Pina, que vive nas Caldas, tinha vindo há dois anos ao festival porque gosta “do espírito e porque realça um produto típico da região, além de ser bem organizado”.
Comparando com a última vez em que veio, sente que “está menos gente que há dois anos, mas o tempo também estava muito melhor”.
Depois de saborear codornizes fritas e grelhadas, elogiou a comida e deixou uma sugestão: “podiam ter mais espaço para comer e, tendo em conta que é capital da codorniz e que há aceitação, talvez se justificasse realizar o festival duas ou três vezes por ano, o que também era bom para as associações”. Outra ideia é criar mais locais de estacionamento porque “a partir de certa hora estacionar aqui é complicado”.
Depois de jantar, Célia, o marido e o filho foram provar as filhós e café d’avó. “São muito bons e fazem lembrar outros tempos”, disse Célia, contando que antes de ir embora ainda havia tempo para bailar à portuguesa.