
A greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas causou grande alarme no país entre os dias 16 e 18 de Abril e a paralisação teve repercussões também nas Caldas da Rainha, desencadeando uma corrida aos combustíveis que levou à ruptura de stocks de gasóleo em alguns postos.
A greve, convocada pelo recém formado Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, ameaçou parar o país por falta de combustíveis e o efeito foi uma demanda aos postos de abastecimento, logo a partir de terça-feira, 16 de Abril. Junto a qualquer bomba de combustíveis havia uma fila de grandes dimensões. Em vários postos da região houve ruptura de stocks, sobretudo no gasóleo simples, o mais procurado no mercado nacional. O efeito fez-se sentir tanto nos postos de marca, como nos dos supermercados.
A Auto Júlio, que gere postos BP, Galp e de marca própria, não chegou a ficar sem stock, como explicou à Gazeta das Caldas a responsável pelo departamento de combustíveis daquele grupo empresarial, Zita Agostinho. A empresa antecipou a greve e abasteceu previamente os seus reservatórios, o que permitiu fazer reposição nos seus postos à medida das necessidades. “Nos nossos postos de marca própria tivemos sempre combustível”, sublinhou, acrescentando que, onde houve ruptura, esta foi apenas no gasóleo simples.
Zita Agostinho diz que o principal problema foi o medo que se instalou nos consumidores, uma vez que o combustível que existia nos postos era suficiente para as necessidades. “Havia pessoas que tinham produto e mesmo assim foram encher os depósitos”, realça.
Para garantir que não ficava sem stock, a empresa optou por racionar os abastecimentos a 30 euros, ainda antes do governo ter imposto um limite de 15 litros por cliente.
Quem acabou por sofrer mais com a situação foram os clientes profissionais, principalmente nos sectores dos transportes e da agricultura. Também nos clientes empresariais a empresa fez uma gestão racional, dando prioridade ao sector alimentar.
Zita Agostinho adiantou que os motoristas da Auto Júlio não aderiram à greve “porque a empresa oferece condições acima do previsto pelo contrato colectivo de trabalho”. Ainda assim a empresa optou por manter os seus camiões parados por temer represálias.
Paulo Domingues, proprietário da Petrocaldas, disse à Gazeta que nos dois postos que gere (na antiga Estrada da Foz e no Bairro dos Arneiros) ficou apenas com as reservas obrigatórias para o abastecimento das forças de segurança e protecção civil. Ao fim de dois dias de greve, a empresa já não tinha combustível para vender, o que criou problemas ao negócio para lá do período de greve. É que o reabastecimento ainda demorou um dia para um dos postos, e um dia e meio para o outro. Paulo Domingues acrescentou que o combustível vendido nos dois primeiros dias de greve equivale ao que habitualmente é vendido durante quatro ou cinco dias.