Preocupado com o estado dos centros comerciais da cidade, um grupo de alunos da Escola Bordalo Pinheiro foi à procura das causas e está empenhado em reverter a situação
Do passeio pela cidade nas horas livres nasceu a preocupação com o estado de decadência em que se encontram os centros comerciais que existem no centro urbano. A disciplina de Educação para a Cidadania, leccionada por Manuela Silveira, afigurou-se como a solução para o grupo de alunos da Escola Bordalo Pinheiro, formado por Andreia Loureiro, Maria Isabel, Henrique Grebin, Maria Correia, Rodrigo Caiado e João Figueiredo (que frequentam o 11º ano) começar a estudar o problema a fundo e perceber quantos espaços destes existem e estão nesta situação.
“Acabámos por descobrir mais do que pensávamos”, conta João Figueiredo, dando conta que estudaram não só os shoppings mas também outros edifícios, como é o caso do Museu do Hospital e das Caldas e os prédios inacabados junto ao CCC, fazendo um paralelismo entre as duas realidades.
Em conversa com as pessoas que lá trabalham, os jovens aperceberam-se que o mau estado e degradação potencia o vandalismo e que, por outro lado, um ambiente limpo e bem cuidado “dá a entender que o vandalismo não é permissível, e tende a suprir esses comportamentos de risco”, explicam os jovens. Socorrendo-se da teoria americana das Janelas Quebradas, que sugere que o ambiente é um factor crucial no modelamento do comportamento dos indivíduos, o grupo propõe que o município “faça os possíveis por zelar pela arquitectura da cidade” e, numa escala mais abrangente, deixa soluções para a resolução de um problema social.
“Acabamos a defender uma atitude de empatia para com as pessoas que têm problemas”, diz João Figueiredo à Gazeta das Caldas, fazendo notar que são muitos os factores que podem levar uma pessoa a uma situação de delinquência. Na apresentação que fez do estudo, na Assembleia Municipal, o jovem deu o exemplo da descriminação da posse e consumo de drogas em Portugal, em 2001, que teve resultados muito positivos, encarando o abuso destas substâncias como um problema social e de saúde pública.
Mudar mentalidades
Numa segunda visita ao centro comercial Caldas Shopping, João Figueiredo foi surpreendido com a limpeza no piso da restauração e, inclusivamente, viu lá um electricista que julga que estava a arranjar o elevador, há muito sem funcionar. O próximo alvo será o centro comercial da Rua das Montras, cuja degradação tem aumentado sobretudo depois do encerramento dos cinemas. Querem falar com as pessoas e dinamizar o espaço, de preferência com a abertura de lojas, mas dizem que o maior desejo era o de mudar a mentalidade das pessoas relativamente a estes problemas sociais e económicos.
Os alunos vão documentando as suas actividades com imagens e vídeos e querem também ir à esquadra para perceber quais os motivos que leva a polícia a para ir aos locais.
Os jovens pretendem voltar à Assembleia Municipal para expor os resultados e, numa fase final, “talvez ir à Assembleia da República, porque isto não é um problema só local, é mais abrangente”, justificam.
Prevista está também uma palestra, no auditório da escola e aberta à comunidade, para a qual querem convidar algumas das pessoas que entrevistaram e representantes autárquicos.