Francisco Simões Roque
Caldas da Rainha
30 anos
Bergen, Noruega
Consultor de tecnologias de informação
Percurso Escolar: Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica da Dinamarca
˝Os noruegueses são pessoas descontraídas e acessíveis”
O que mais gosta do país onde vive?
Acima de tudo gosto da maneira de viver mais despreocupada. Há uma série de razões que contribuem para isto: o ambiente de trabalho é menos hierárquico e descontraído, com um bom balanço entre o trabalho e a vida familiar; o desemprego é baixo e o mercado de trabalho flexível; os noruegueses são pessoas descontraídas e acessíveis; em geral há menos burocracia e tudo se resolve mais depressa, o sistema é mais eficiente; e finalmente as pessoas chegam a horas aos seus compromissos, os autocarros chegam a horas às paragens, e tudo começa e acaba às horas marcadas.
Gosto também da Natureza, impressionante e acessível, onde uma caminhada de 10 minutos do centro da cidade nos põe directamente em contacto com o lado mais selvagem da Noruega, os fiordes, as montanhas, e as florestas. E as loiras norueguesas também contribuem….
O que menos aprecia?
O tempo mau e as horas de escuridão no Inverno são mesmo o pior. Para além disso, a Noruega está fora da União Europeia, o que significa que a escolha de produtos nos supermercados é mais limitada em relação ao que se pode encontrar em Portugal.
De que é que tem mais saudades de Portugal?
O tempo bom e a comida, especialmente os pastéis de nata e a batata palha para o bacalhau à brás
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Por agora não há planos de regresso, mas tento vir de visita o mais que posso, para ver família e amigos. Talvez mais tarde, depois da reforma.
“Já pouco me surpreende ou me apanha desprevenido”
Desde que saí de Portugal em 2005 para a Dinamarca, como aluno de Erasmus, acostumei-me à maior parte das diferenças culturais entre Portugal e a Escandinávia. Já pouco me surpreende ou me apanha desprevenido. Aprendi a comer a horas diferentes, a esperar que preços exorbitantes são a norma, que é mais provável que chova do que faça sol, que as casas estão sempre quentinhas e aconchegantes.
Claro que ainda me perturbam as quantidades enormes de álcool que são consumidas às sextas e sábados, e o estado em que o pavimento fica nos dias seguintes de manhã…
Actualmente estou em licença de paternidade, já que na Noruega os pais podem escolher partilhar os 10 meses a que têm direito. Os meus dias são passados com o Theodor, que agora tem 21 meses. Três vezes por semana vamos a um ‘åpen barnehage’, um jardim de infância aberto, onde os pais ficam com as crianças e as ajudam a brincar.
O tempo por esta altura também ajuda e o sol espreita mais vezes por entre as nuvens. Aliás, assim que a chuva pára e as nuvens desaparecem, é obrigatória a ida para as ruas porque nunca se sabe quando é que voltará a estar bom tempo. Aproveitei também este período para mudar de emprego e aceitei uma posição como consultor na Capgemini em Agosto, ao mesmo tempo que o Theodor começa o infantário. Os fins de semana são passados em família, com passeios pela montanha quando o tempo convida, ou com actividades mais caseiras se chove muito.
Para o meu tempo livre continuo a prática do rugby, que nunca deixei de fazer e que sempre foi uma grande ajuda para a minha vida social em todos os países por onde passei.
Francisco Simões Roque