Olho Marinho, uma freguesia carregada de história

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Origens desta freguesia de Óbidos perdem-se no tempo, havendo historiadores que admitem que o território já era ocupado no tempo dos romanos

Há diferentes versões para explicar as origens do Olho Marinho, mas ninguém coloca em causa a antiguidade desta localidade que exibe, hoje em dia, uma freguesia carregada de história e que hoje destacamos na Gazeta das Freguesias.
Alguns relatos de historiadores indicam que a formação do Olho Marinho terá começado no território do Planalto das Cesaredas no tempo dos romanos, dando também como prova a proximidade com a cidade romana Eburobrittium, ali bem perto de Óbidos. Todavia, outros historiadores indicam que essa formação terá começado mais tarde, no século VIII ou IX, durante a ocupação árabe na Península Ibérica.
Em comum, os estudiosos reconhecem que a presença humana naquilo que é hoje a freguesia do Olho Marinho se ficará a dever às características dos terrenos, mas sobretudo da abundância da água potável, aspeto essencial para a sobrevivência humana.
Segundo a Junta de Freguesia do Olho Marinho datam do século XII os documentos mais antigos conhecidos com referências aos Olhos d’Água e à Quinta do Furadouro.
De resto, a origem do topónimo Olho Marinho está ligada, precisamente, aos Olhos d’Água (ver caixa na página ao lado), cujas propriedades minero-medicinais já teriam sido reconhecidas pelos romanos quando se fixaram na zona. Assim, o primeiro termo locativo “Olho” confirma a importância que os Olhos d’Água tiveram na fixação das populações ao longo dos tempos, enquanto que o segundo termo “Marinho” está ligado ao mar e, neste caso, à presença de um verdadeiro mar interior que, na época, submergia a totalidade das baixas: a Lagoa de Óbidos.
Com o recúo das águas do mar, os terrenos ficaram particularmente férteis, o que explica o incremento da agricultura. Assim, durante séculos, a freguesia cresceu sob a influência das Quintas do Furadouro e do Ceilão, até aos finais do século XVIII. Quando a Quinta do Ceilão foi alvo do parcelamento, o povo ficou com parcelas de terreno, o que suscitou um grande crescimento económico e social.
Até 1925, o Olho Marinho integrou a freguesia da Amoreira, tendo o povo e alguns líderes locais encetado uma luta que durou várias décadas até garantir a criação da freguesia, que se mantém até aos dias de hoje, fazendo fronteira com os concelhos de Bombarral, Lourinhã e Peniche.

Até 1925, integrou a freguesia da Amoreira, tendo o povo e alguns líderes locais encetado uma luta que durou várias décadas até à criação da freguesia

Por seu uma freguesia rural, possui quintas, como a do Furadouro ou Quinta de Baixo, de grande relevância, que terá recebido alguns encontros de D. Pedro I e D. Inês de Castro.
Aliás, esta é uma freguesia que se evidencia pelo património, dado que tem, entre outras referências históricas, a Gruta “Cova da Moura”, considerada uma das mais importantes de Portugal, além do Planalto das Cesaredas, um espaço geológico muito antigo, pertencente ao período que medeia entre o Cretácico e o Jurássico Médio.
Outro aspeto diferenciador do Olho Marinho tem que ver com a igreja matriz, inaugurada em agosto de 1856 e consagrada ao Imaculado Coração de Maria, sendo considerado o segundo templo a ser dedicado a este dogma católico no nosso país.

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Segredos escondidos

A beleza dos Olhos d’Água

Tudo indica que o topónimo Olho Marinho esteja relacionado com os Olhos d’Água, que estão localizados no centro da povoação.
Estas águas, que se crê possuírem propriedades minero-medicinais, saem da rocha a uma temperatura constante de 21 graus centígrados, sendo um dos pontos de maior atração do Olho Marinho.
O atual Largo da Fonte, como também é conhecido entre os habitantes da freguesia, é considerado um dos principais cartões de visita da localidade, desde sempre ligada à água. De resto, ao longo dos tempos aquele local foi escolhido pelo povo para a realização das mais importantes festividades religiosas e profanas da freguesia.
Segundo reza a tradição, há seis séculos o espaço onde hoje se localizam os Olhos d’Água foi dividido em dois: o chamado ‘Olho das Quartas’ foi o espaço mais emblemático deste conjunto, usado pela população, de forma exclusiva, para o abastecimento de água potável; e o ‘Olho da Rainha’, designação encontrada pelo povo para evocar a passagem de D. Inês de Castro por aquelas nascentes… Ou seja, mais uma prova de como o Olho Marinho é uma freguesia recheada de história e com histórias de amor por contar.

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