A Semana do Zé Povinho

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Zé Povinho é muito sensível a todos aqueles que sugerem passos positivos para o povo português e semanalmente encontra apelos e propostas para inverter o curso dos acontecimentos que se têm vivido nos últimos meses e anos.
Na última semana viu-se a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, reconhecer os erros de análise da sua própria organização em relação às decisões que foram impostas pela troika. Essas medidas de austeridade impostas aos países em assistência (como Portugal) não têm, contrariamente ao que se pensava, um efeito de 0,50 euros por cada euro de redução, mas um impacto muito maior, entre 0,90 e 1,70 euros. Por isso, a insigne directora, sugere que sejam concedidos a esses países mais anos para a sua recuperação (hipocritamente, o ministro Vítor Gaspar ironizou que não tinha compreendido bem isso e que teria de averiguar se era mesmo verdade ou se não passava de uma insinuação do economista nobel Paul Krugman, que tem sido crítico destas políticas).
Outra personalidade, esta nacional, que se pronunciou grave e tardiamente sobre o assunto, foi o actual Presidente da República, professor Cavaco Silva (cujas declarações também foram minimizadas pelo ministro Gaspar) que defende que “nas presentes circunstâncias não é correcto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objectivo de défice público fixado em termos nominais.”
O professor Cavaco Silva ainda acrescentou que “devem ser definidas políticas que garantam a sustentabilidade das finanças públicas a médio prazo e deixar funcionar os estabilizadores automáticos”.
Finalmente Zé Povinho ainda se revê nas declarações do anterior Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio que, em entrevista à SIC Notícias, também criticou duramente as medidas orçamentais anunciadas. “Já toda a gente percebeu que a austeridade rebenta com o país, com os portugueses e a sua esperança, com os direitos e até com a própria democracia”, disse.
Muitos outros se pronunciaram no mesmo sentido, mas Zé Povinho escolheu estas três figuras, com proveniências muito diferentes, mas que comungam no mesmo propósito, perante a indiferença e até sobranceria dos responsáveis pelas medidas divulgadas esta semana para Portugal.

Ao assumir o protocolo de entendimento com a troika no que dizia respeito à reestruturação administrativa do país e à diminuição de autarquias, o ministro Miguel Relvas fez o mais simples e aquilo que lhe poderia trazer menos custos políticos: eliminar freguesias e não tocar nos concelhos.
A Zé Povinho o “Dr.” Miguel Relvas faz-lhe lembrar aquele “herói” que batia nos pequenos com medo de afrontar os da sua dimensão.
Portugal deveria seguir os modelos de organização autárquica dos países mais avançados da Europa, que criam entidades de gestão do território com dimensão estratégica e que tenham protagonismo a nível nacional, mas também nos espaços mais alargados como a Europa, em que as regiões se batem denodadamente.
Por exemplo, a discussão feita na Assembleia Municipal das Caldas da Rainha sobre as redução de freguesias, parte de uma visão defensiva, conformista e reactiva a uma imposição exógena.
Provavelmente impunha-se uma visão pró-activa, que antecipasse a evolução futura destes territórios nos próximos 20 ou 30 anos, durante os quais a população residente em permanência deverá diminuir aceleradamente, tentando-se assim evitar a manutenção de estruturas pesadas e redundantes, que a prazo serão inviabilizadas pelas próprias condições objectivas e meios disponíveis.
Seria talvez mais correcto pensar na articulação estratégica dos concelhos, utilizando as freguesias como peões de acção para atingir objectivos de criação de emprego e de valor, que servissem de alavancas de desenvolvimento no contexto mais alargado.
Mas isso o “Dr.” Relvas não quer ou não sabe fazer. Pôs o povo a discutir minundências e as oposições com os autarcas instalados a defenderem o stato quo. A falta de visão inebriou-os e mais tarde vai verificar-se que bastante do trabalho e das “guerras” vividas serviram para pouco, porque o mais importante ficou por fazer.
Afinal, como diz o povo, “é preciso que algo mude para que fique tudo na mesma”.
Zé Povinho não pode, por isso, deixar de lamentar estas visões tão curtas do ministro Adjunto, Miguel Relvas, que, para muitos, já passou do prazo de validade.

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1 COMENTÁRIO

  1. Ze Povinho estou com ele tem toda a razao mas reduzo a minha opiniao em poucas palavras este (des)governo nunca deveria ter tomado posse e no minimo ja se deveria ter demitido…