
Foi a ESAD que os trouxe para as Caldas. Foi nesta cidade que se conheceram há pouco mais de um ano e onde resolveram criar os CAO (Chórus Águrus Orchestra). Esta é uma banda cem por cento de originais, em que os covers de outras músicas servem apenas para “encher” concertos. Vimo-los no seu último concerto, no Centro da Juventude, e quisemos saber mais. Ora descubra.
Francisco Madureira, Gonçalo Ícaro, Gonçalo Poeiras, Miguel Bento e Paulo Lopes. Têm 20 anos e são uns putos. Palavras dos próprios. “Somos miúdos e esta é a altura para falhar. Se nos derem espaço para isso, estão a dar-nos espaço para evoluir”, dizem à Gazeta das Caldas. MANTER O IMPROVISO EM PALCO O último concerto, no Centro da Juventude, foi até agora o melhor registo que a banda já teve. Não só estava casa cheia, como os jovens desconheciam muitas das caras do público, sinal de que não foram só os amigos que os quiseram ver. “Senti que não houve nenhuma altura em que estivéssemos a dar sono a alguém, senti que as pessoas estavam a gostar e várias já sabiam algumas letras. Isso é algo fantástico”, recorda Miguel Bento. Quem são os CAO? Banda: Membros: Gonçalo Ícaro, de Aveiro – Voz/Microfone Gonçalo Poeiras, do Barreiro – Baixo Miguel Bento, do Barreiro – Guitarra Rítmica/Piano/Voz Paulo Lopes, de Fátima – Bateria Género musical:
Só Paulo Lopes é que não é aluno do curso de Teatro da ESAD. Estuda Design na mesma escola e foi convidado para a banda já os quatro amigos tinham formado a Chórus Águrus. “Inicialmente a ideia era fazer uma companhia de teatro, mas depois descobrimos que cada um de nós tocava um instrumento e optámos por formar antes uma banda. Só que faltava-nos um baterista”, explica Gonçalo Poeiras, acrescentando que nome do grupo passou a Chórus Águrus Orchestra (CAO).
Como a abreviatura do nome se lê CAO (Cão), a banda assumiu a figura canina como a sua imagem – desenhada por Paulo Lopes – e adoptou a frase “cão que ladra não morde, mas nós fazemos as duas” como uma espécie de slogan.
Escrever músicas originais foi desde o início um dos grandes objectivos destes jovens. Mas não foi logo que encontraram um género musical que os definisse. “Gostamos de estilos muito diferentes, por isso somos uma junção de géneros e gostos, conjugamos o rock com o hip-hop, com o jazz, o indie e o funk”, explicam os CAO, frisando que antes de se lançarem à composição dedicaram bastante tempo a ouvir música de diferentes géneros.
“Serafim” foi a primeira música concluída, mas hoje nem sequer entra no repertório dos concertos porque não corresponde às expectativas da banda. Tal como este tema, há outros tantos que os CAO foram “limpando” ou melhorando durante o Verão passado. Actualmente têm sete a oito canções originais – “Tabaco a meias”, “Sozinha”, “Tu Não Sabes” e “Obrigado” são alguns exemplos – que na sua maioria foram escritas por Gonçalo Ícaro. As histórias por detrás das letras relacionam-se com o universo pessoal dos CAO – vivências, episódios e sentimentos que tenham sido por eles experienciados. Nada é inventado.
“Decidimos arriscar e começar logo com originais, sem a rede segura dos covers, mas foi este o desafio a que nos propusemos”, conta o vocalista, explicando que a banda só ainda inclui algumas versões de outras músicas nos concertos para “encher” o repertório. “Mas desde logo quando cantamos covers escolhemos bandas que gostamos e que se relacionam com o estilo da banda, como os Ornatos Violeta”, acrescenta Ícaro.
O vocalista já cantava rap antes dos CAO, tal como os seus amigos já tinham outros projectos musicais antes de se mudarem para as Caldas da Rainha. Mas à medida que Gonçalo Ícaro foi encontrando o seu próprio estilo dentro da banda, o hip-hop só por si foi deixando de ser uma aposta. “As minhas letras resultam porque assumimos um género onde não há a procura pelo sentido, enquanto no hip-hop se procura muito isso e parece que as músicas só são boas se tiverem significado”, afirma, realçando que os CAO se esforçam, sobretudo, pela procura da “vibe musical”, “embora só fiquemos a ganhar caso as letras estejam bem escritas”, reconhece.
Sempre que sobem ao palco, os cinco jovens fazem-no convictos que naquele momento não existe ninguém melhor para pisá-lo senão eles. Mas, de resto, tudo pode acontecer porque a banda não ensaia os concertos. Dito melhor, os concertos é que são uma espécie de ensaio pois são carregados de improviso. “No dia em que deixarmos de improvisar é sinal que está tudo mecanizado e provavelmente as coisas serão infinitamente menos divertidas. É por isso que queremos manter essa espontaneidade nos espectáculos”, afirmam os músicos, que também beneficiam da formação em teatro que os deixa mais à vontade em palco.
Os CAO ensaiam duas vezes por semana numa sala nos SILOS e encontram-se actualmente a gravar em estúdio (na ESAD) os seus temas originais para que em breve possam lançar o primeiro EP (formato com menos músicas que um álbum).
No próximo ano lectivo, quando terminarem a licenciatura, não têm a certeza se continuarão nas Caldas, mas acreditam que continuarão juntos neste projecto. “Caldas foi o sítio ideal para começar esta banda nem que seja porque foi o sítio em que nos encontrámos pela primeira vez. Como a cidade é pequena, temos a vantagem que o passa-a-palavra é eficaz, então os novos projectos chegam rapidamente aos ouvidos uns dos outros”, contam.
CAO
Francisco Madureira, dos Açores – Guitarra Solo
Hip-hop, Rap, Jazz, Indie