O espaço de incubação de empresas, Caldas Empreende, funciona há cerca de uma década e durante este período já foram apoiados 54 projetos. Para breve está prevista a criação de uma cozinha industrial
Os Chefs em Casa nasceram em 2013 e, por ser algo que o público ainda não estava familiarizado, o arranque foi lento e a operação acontecia num escritório em casa. Mas cedo perceberam que era essencial ter outras condições, estarem perto de outros empreendedores, associar-se a uma entidade que promovesse os empresários nas Caldas e começar a ter uma rotina mais profissional. Foi nessa altura que se candidataram a um projeto, para obter apoios para criar um site, comprar mota e carrinha e pedir então, um espaço físico no Caldas Empreende, onde estiveram até meados de 2018, quando já tinham “capacidade de voar mais alto e ceder o lugar a outros empreendedores que precisassem desta preciosa ajuda”, conta a fundadora, Tatiana Giga Henriques, à Gazeta das Caldas.
“Tem 10 anos e tem sido um sucesso, mas queremos torná-lo
ainda maior”
Jorge Barosa“Continuará a ser uma solução para a criação de emprego e empresas quer no contexto de pandemia quer no pós pandemia”
Tinta Ferreira
A empresária considera que o Caldas Empreende foi “mesmo muito importante” no início dos Chefs em Casa, pois permitiu-lhes ter um espaço com todas as condições essenciais para o arranque de um negócio. Destaca as condições, as salas, o acesso a espaços comuns, a internet, água, luz e caixa postal, a preços muitos acessíveis, a proximidade com outros empreendedores e empresários e, por fim, o apoio da AIRO nas questões burocráticas, financeiras e legais, entre outras.
O projeto, que com a pandemia se reinventou e desenvolve várias parcerias com o comércio local, foi um dos mais de 50 que já passaram pelo espaço de incubação, que funciona na antiga Fábrica das Jeans.
O Caldas Empreende arrancou em Novembro de 2009 com nove projetos incubados mas logo no ano seguinte foi totalmente ocupado. Desde então a ocupação tem variado entre os 75 e os 100%, com um período de incubação no máximo de quatro anos.
Atualmente estão ocupados 11 dos 15 gabinetes existentes em 800 metros quadrados. Têm sido incubadas maioritariamente empresas tecnológicas e de serviços, mas ultimamente os pedidos que têm chegado à AIRO são para espaços que permitam a instalação de projetos que carecem de licenciamento, sobretudo nas áreas alimentar e da cerâmica. Para dar uma resposta mais eficaz nessa área já existe a intenção de criar uma cozinha profissional naquele espaço, e que se destinará às empresas incubadas, ainda que outras a poderão usar se precisarem, por exemplo, para testar um novo produto.
Há espaço para crescer
O presidente da AIRO, Jorge Barosa, considera que atualmente “há muito espaço para o Caldas Empreende crescer”. Isto porque o abrandamento na economia provocado pela pandemia está a criar desemprego e, normalmente, as pessoas tentam alternativas, entre elas a criação dos seus próprios negócios.
“Há uma percentagem de pessoas que decide arriscar um novo estilo de vida, pelo que chegarão pedidos. Vamos ter que, juntamente com as autarquias, ver que soluções podemos arranjar para incubar mais empresas”, conta o empresário, destacando que estes espaços permitem que se arrisquem novos estilos de vida e de negócio que a pessoa, por si só, não colocaria em prática. “Tem 10 anos e tem sido um sucesso, mas queremos torná-lo um sucesso ainda maior”, remata.
Jorge Barosa lembra que a atual direção da AIRO entrou em funções há pouco tempo, mas que pretende apostar no Caldas Empreende, tendo em conta que é “algo que esta população necessita para a geração de riqueza na região”. Uma das ideias de futuro é a concretização de um espaço de coworking (trabalho colaborativo) para que as pessoas possam trocar ideias, trabalhar em conjunto e fazer evoluir o negócio.
“Para os empreendedores a questão do networking é fundamental e nós estimulamo-lo, mesmo a nível empresarial, com os eventos que promovemos”, refere o responsável.
O espaço funciona todos os dias e os empreendedores têm flexibilidade e autonomia, podendo trabalhar 24 horas por dia e durante todo o ano. Podem lá permanecer durante um período máximo de quatro anos, sendo que após este período a permanência no edifício só será possível se criarem novos postos de trabalho. “O tempo ideal para ver a evolução do negócio seriam dois anos, mas quatro anos tem a ver com questões de licenciamento, que demoram sempre mais algum tempo”, explica o secretário geral da AIRO, Sérgio Félix, especificando que os contratos são de seis meses, renováveis.
E quem é que procura o Caldas Empreende? De acordo com Sérgio Félix o perfil é bastante heterogéneo, mas a maioria são pessoas desempregadas. Antes da pandemia, tiveram muita procura por parte de empreendedores que queriam mudar de vida e apostar no seu negócio próprio. E procuram este programa porque, além do espaço físico, podem também contar com o apoio da associação industrial ao nível do seu conhecimento e certificações.
Novo espaço em estudo
Sérgio Félix explica que, por vezes, têm pedidos em áreas de negócio técnicas que não conseguem apoiar, devido às dimensões de espaço necessárias e especificidades que apresentam. Outras vezes, registam “picos” de incubação em que não existem espaços disponíveis. Ultimamente, têm tentado ter “espaço reservado para projetos com forte potencial que, em incubação plena, não é possível ajudar”, e que articulam com outras estruturas a possibilidade e adequação de espaços.
Mas também aparecem algumas ideias que depois não vingam. Jorge Barosa considera que faz parte do processo. “Se conseguirmos que, em cada 10 empresas que incubamos, uma tenha sucesso já é bom”, refere, acrescentando que, por vezes, quando conhecem a ideia, percebem que a solução não passa pela incubação e encaminham o empreendedor para uma alternativa mais conveniente.
Câmara das Caldas e AIRO garantem que querem apostar mais no projeto e está em cima da mesa a possibilidade de criação de um novo espaço para albergar os empreendedores
O Caldas Empreende é gerido pela AIRO com financiamento da Câmara das Caldas. Atualmente, o município disponibiliza por ano mais de 50 mil euros para a renda do edifício e apoia ainda a associação na gestão e divulgação do projeto. Os utilizadores também pagam os espaços ocupados embora a um baixo preço. “As receitas têm sido suficientes pelo que não se prevê, para já, a necessidade de alterar o valor do apoio”, diz o presidente, Tinta Ferreira, destacando que se trata de um projeto muito importante, que tem permitido a criação de novas empresas, apoiando-as ao longo das primeiras etapas das suas vidas e gerando desta forma postos de trabalho.
O autarca também considera que o Caldas Empreende continuará a ser uma “solução para a criação de emprego e empresas quer em contexto de pandemia quer no pós pandemia”. Realça que tem acolhido projetos e iniciativas inovadoras, como o testemunham várias empresas que dele têm beneficiado e é “ainda um exemplo de uma parceria de sucesso com a AIRO”.
Em relação à continuidade no atual edifício, que é arrendado, Tinta Ferreira referiu que está em conversações com a AIRO sobre a possibilidade de construção de um edifício de raiz. “É prematuro dizer já quando estará concretizado mas será provavelmente no próximo mandato autárquico”, conclui Tinta Ferreira.