Cuidados e Cuidadores

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Gazeta das Caldas
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Considera-se que em Portugal existam cerca de 800 mil pessoas estão em casa a cuidar de alguém dependente, sejam eles idosos, portadores de demência ou doenças crónicas e crianças com patologias graves.
É um trabalho que socialmente não se vê mas que representa 333 milhões de euros por mês, cerca de 4 mil milhões de euros por ano – valor económico das horas de trabalho estimado num estudo pedido pelo Governo.
Foi proposta a criação de um estatuto jurídico para os cuidadores informais e o estabelecimento de medidas de apoio para estas pessoas que cuidam de dependentes em casa sem serem remuneradas.

Considera-se que o ato de cuidar (esta interação entre um familiar que ajuda outro nas atividades de vida diária, de forma regular e não remunerada) envolve 3 grandes dimensões: a responsabilidade por tomar conta de alguém, a satisfação por responder às suas necessidades e a preocupação, consideração e afeto por quem se cuida.
Este fenómeno de cuidar é diferente, a pessoa que recebe cuidados está no declínio da sua vida, não se esperam melhoras significativas e o próprio cuidador antecipa também o fim da sua própria vida.
Para os cuidadores, cuidar é sobretudo uma tarefa física. Referem o cansaço físico mas concluem com expressões mais emocionais de ganhos pessoais, num sentido de missão Não é mencionada a companhia e o carinho enquanto pertencentes à tarefa de prestação de cuidados. Como adjetivos caracterizantes destacam-se a necessidade, obrigação e promoção do bem-estar, principalmente físico, no que toca à alimentação e higiene. Os cuidadores encaram esta situação como uma superação pessoal, estão a ser postos à prova e, por brio pessoal, esforçam-se por conseguir.
Os cuidadores abordam as mudanças com mágoa pois recordam a vida que levavam antes, por contraponto às obrigações de agora. Ficam restritos a casa, o que potencia o isolamento e a consequente tristeza que prejudica a tarefa e influencia o seu sentimento de bem-estar. A maioria dos cuidadores está, ou sente-se, sozinho. A alienação familiar que se vai fazendo sentir é mais uma mudança dolorosa nesta fase vivida com tanta intensidade e dedicação, o que também desencadeia a ansiedade patente na grande maioria dos cuidadores.
Que estratégias? Sugiro um treino de competências emocionais, acompanhado por um Psicólogo, a fim de aliviar os sentimentos negativos e potenciar o que de positivo esta experiência tem para oferecer.

A Psicóloga
Sara Carvalho Malhoa

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