Cláudia Henriques
comerciante/empresária
Passados dois anos do início da pandemia, penso que quase todos aqueles que têm uma loja no comércio tradicional, como é o meu caso, têm na sua cabeça a grande questão: Será que vamos conseguir alavancar os nossos negócios e atrair os nossos e outros clientes? E, mais importante que tudo, será que vamos conseguir colmatar dois anos de um declínio financeiro brutal?
Foi decretado que poderíamos reabrir as nossas portas e tínhamos de voltar a uma suposta normalidade. Estávamos prontos. Sentíamo-nos prontos. Tínhamos que continuar. Continuar a lutar por algo que construímos com tanto esforço e sacrifício. E mais do que tudo voltar para tentar resolver dois anos trágicos ao nível económico. O “novo” normal tornou-se estranho. As relações comerciais tornaram-se, em algumas situações complicadas, o tempo de resposta a clientes mais difícil porque a produção abrandara de tal forma que para recomeçar muitas empresas tiveram que delinear outras formas de negócio e estratégias mais eficazes perante a situação que vivemos, estratégias essas que em várias situações não vão ao encontro das necessidades do pequeno retalho.
Deparamo-nos ainda com uma mudança drástica ao nível do consumo. O medo foi Rei e Rainha durante dois longos anos e naturalmente os hábitos de consumo mudaram. Deparamo-nos com uma nova realidade. O consumidor começou a resistir ao impulso.
O desafio tornou-se enorme, e as ferramentas cada vez mais diminutas para combater tais dificuldades. Mais do que nunca e devido aos seus poucos recursos económicos o comércio tradicional tem de adotar estratégias e apoderar-se de ferramentas que podem ser o veículo para pouco a pouco deixar de viver um “novo normal” e começar a viver normalmente.
Mais do que nunca urge a necessidade de fazer diferente, fazer com alma e coração e de espírito aberto, livre de preconceitos. É tempo de pôr em prática ferramentas que só quem sabe trabalhar com pouco consegue!
Trabalhei em grandes empresas, onde todos os dias eram propostos objetivos. Pensava: Não tenho clientes como vou atingir esses mesmos objetivos? Lembro-me que os recursos principalmente o financeiro não era de todo o problema, mas também me lembro que na grande maioria das vezes o sucesso provinha de práticas e ideias simples que surgiam.
Como diria o gerente de uma multinacional onde trabalhei: “Vamos fazer algo mesmo que não dê certo, porque não fazer nada não é opção!”.