A segunda fase do desassoreamento da lagoa voltou a ser adiada!

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A 2ª fase das dragagens na Lagoa, anunciada para Outubro de 2017, com um custo estimado de 16,7 milhões de Euros para remoção de 850 mil metros cúbicos de sedimentos, prevista desde há muitos anos no Plano de Gestão Ambiental da Lagoa de Óbidos, já não se irá concretizar, sendo que a abertura de concurso público internacional, a acontecer, será só no final do ano, prevendo-se agora que os trabalhos possam talvez vir a arrancar depois do Verão de 2018.

As acções de desassoreamento na Lagoa, têm-se caracterizado por adiamentos e protelamentos com execução incompleta a remeter para uma fase posterior, a qual acaba por nunca chegar a acontecer. Os graves problemas detectados perpetuam-se e não encontram resposta cabal, acarretando a perda de eficácia dos investimentos efectuados.
E todavia existem inúmeros estudos de intervenção e salvaguarda que se foram acumulando e que jamais foram levados à prática ou cuja execução nunca foi cabalmente concluída. Em 2008, numa sessão da Assembleia Municipal realizada na Foz do Arelho, o PCP denunciou que em tais planos ou estudos prévios já tinham sido gastos um milhão e trezentos mil Euros tornados pois inúteis e puro desperdício.
A saga vem de longe: pressentidos inicialmente os trabalhos para 2014, passaram depois para Março de 2015, com uma duração estimada de 10 meses. De seguida, após o início tardio da intervenção (parcial) de desassoreamento de 650 mil metros cúbicos de dragados, com um contrato celebrado com as autarquias de Caldas e Óbidos (através do POVT – Plano Operacional de Valorização do Território e da APA – Agência Portuguesa do Ambiente) no valor de 6,5 milhões de Eurosveio o Secretário de Estado do Ambiente do governo PSD/CDS, o caldense Paulo Lemos, anunciar que em Setembro desse ano se elaboraria um projecto específico, apontando para Janeiro de 2016 o arranque da sempiterna e nunca cumprida 2ª fase de intervenção, a qual acabaria remetida então para o último trimestre de 2017 e agora esvaída para 2018, que é como quem diz, mais uma vez para as calendas.
A situação actual é preocupante pela sua gravidade: detectam-se erros técnicos que permitem que, pouco a pouco, a areia vá regressando ao local de onde foi retirada; há largas áreas com débil oxigenação das águas, colocando, de imediato, em risco a faina de mariscadores e pescadores, e prejudicando em larga escala os fluxos turísticos, com os inevitáveis prejuízos económicos (e ambientais) decorrentes; existem factores poluentes originados por deficientes condições de saneamento: esgotos a céu aberto lançados na Lagoa, por vezes a ocorrência de descargas directas, sem filtragem, da estação elevatória do Nadadouro e a insuficiente capacidade de compostagem da ETAR de Caldas da Rainha. A conjugação destas causas acarretou a elevada toxicidade dos dragados, incluindo contaminação por metais pesados, afectando, em particular o Braço da Barosa (a «maternidade» da Lagoa para uma abundante diversidade de espécies).
Reconhecida a necessidade de dragagem permanente, as autarquias de Caldas da Rainha e Óbidos comprometeram-se a adquirir em conjunto uma draga para tal função, mas apenas após a conclusão da famigerada 2ª fase.
Em 2015, o PCP alertava que «o que tem vindo a ser feito, ignora ou vai em sentido inverso das pretensões da população, expressas num abaixo-assinado que recolheu milhares de assinaturas, e cujo debate na Assembleia da República concitou a concordância unânime de todas as bancadas parlamentares».
Perante as críticas formuladas, desgraçadamente confirmadas pelos acontecimentos, foi o PCP acusado de alarmismo e maledicência. Que fique bem claro: O PCP não se resigna com impasses nem desiste perante os obstáculos e não deixará de se bater pela classificação da Lagoa como «área protegida de âmbito regional», pela defesa de um ecossistema sensível na sua biodiversidade, onde ainda estão presentes a riqueza ambiental e ecológica e pela potenciação equilibrada de um recurso turístico de excepcional qualidade, denunciando as promessas escritas na água e que logo se diluem na correnteza!
Pela defesa da Lagoa de Óbidos!
Comissão Concelhia de Caldas da Rainha do Partido Comunista Português

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