O Partido Socialista considera inadmissível que a população das Caldas da Rainha tenha sido informada na véspera da presença do Senhor Primeiro Ministro e o Senhor Ministro da Solidariedade, Trabalho e da Segurança Social nas comemorações do dia do Município.
A presença de um chefe de Estado nas Caldas da Rainha é sempre motivo de brio e de compostura, venha ele de que partido for. Deveria saber o Dr. Pedro Passos Coelho que nunca nenhum político que nos visitou neste dia foi, alguma vez, objecto de insolência ou sequer de impolidez por parte do povo Caldense. Nenhum motivo existe para todo este secretismo em redor do seu trânsito pelas Caldas da Rainha. Consideramos injurioso para os Caldenses que se tenha escondido informação acerca dos contactos que esta câmara necessariamente efectuou para a sua eventual presença na nossa terra.
Que receia o Senhor Primeiro Ministro do povo das Caldas da Rainha? A possibilidade de ter de escutar as suas opiniões de viva voz? Quando um chefe de governo desconfia desta forma do povo que o elegeu, ao ponto de nem lhe dizer que vai à sua terra visitá-lo no seu dia, então fica claro que a relação entre este governo e os Caldenses está ferida de suspeições, medos e sustos, cálculos e balanços assustados de popularidade.
Uma coisa é indisfarçável: Passos Coelho não quis que os Caldenses soubessem que vinha às Caldas da Rainha no dia do Município. Em lado nenhum se publicitou a presença do chefe de governo. Nunca antes tal aconteceu nesta cidade. Tal deselegância, no mínimo, constitui uma injusta falta de educação e respeito para com os Caldenses.
Os membros eleitos do Partido Socialista vestiram-se de luto em protesto, não contra a presença do Primeiro Ministro neste concelho, mas contra a política do seu governo.
Consideramos inadmissível que o governo PSD/CDS tenha decidido que a ganância de uns abonados banqueiros obrigasse o povo português a atravessar a pior crise da sua geração. Foi para salvar o sistema bancário português? Se o óbito corrupto do BES – o maior banco privado português – não destruiu o sistema bancário, muito menos o faria o BCP ou o BPN.
Tirar dinheiro aos pensionistas e aos hospitais em vez de responsabilizar banqueiros criminosos foi a opção ideológica deste governo. Nunca nos conformaremos com essa decisão, essa injusta e desproporcionada orientação política.
Consideramos chocante que este Primeiro-ministro tenha decidido ir a um congresso de uma juventude partidária para dizer aos jovens que 35,4% de desemprego jovem é um “efeito secundário” da crise que atravessamos.
Consideramos inqualificável que este Primeiro-ministro, depois de destruir o Estado Social e depois de empobrecer a classe média, venha às Caldas da Rainha dizer que vivemos num país rico, quando comparado com os mais pobres. Este argumento é tão pobre quanto os mais pobres dos argumentos. Comparemo-nos com os melhores e não cedamos ao miserabilismo curvado e vergado que o Estado Novo nos inculcou e que continua a fazer escola nos mais altos responsáveis políticos deste país.
Consideramos, mais ainda, inadmissível que Passos Coelho, o único governante que encerrou de vez o Hospital Termal, venha às Caldas da Rainha dizer que não estava à espera de ouvir falar do Hospital Termal; chega a ser patético ouvi-lo dizer que não estava preparado para responder a nada sobre este assunto. Que esperava, então, o primeiro-ministro que falássemos? De meteorologia?
Os Caldenses não merecem o desrespeito que este Primeiro-Ministro manifestou pelas Caldas da Rainha. O Partido Socialista manifesta o seu maior repúdio pela forma amedrontada como este governo confirmou a sua presença neste importante dia para a nossa comunidade. Vir às Caldas da Rainha não é um panorama ameaçador de governantes, por mais ineptos, injustos e ideológicos que sejam. Sabemos receber quem nos visita, como sempre demonstrámos. Faz muito mal o PSD/CDS em partir do princípio que os Caldenses são mal-educados. Ficava-lhe bem um pedido público de desculpas pelo desaforo.
PS das Caldas da Rainha