Depois de António Costa ter conseguido chegar ao Poder sem ganhar umas eleições, parece que agora vale tudo. As minorias radicais que sempre gritaram “O povo unido jamais será vencido!”, apesar do povo nunca lhes ter pedido para aquelas o representarem, tentam agora uma nova abordagem com “As oposições unidas jamais serão vencidas!”. Esquecem-se apenas de um pormenor: é que, por vezes, como tem acontecido nas Caldas da Rainha, quem ganha as eleições, ganha com a maioria absoluta dos votos. Ou seja, as pessoas que quiseram que fosse o PSD a governar os destinos do município são mais do que todas as outras que votaram em todas as restantes propostas alternativas.
Se é certo que, quem tem maioria absoluta, tem também a responsabilidade acrescida de respeitar as oposições minoritárias, pois estas representam, ainda assim, uma parte da população, não podem ser as ideias e as propostas que foram a votos e que perderam a serem agora adotadas como se tivessem ganho as eleições. Até porque, para garantir que a maioria absoluta não se torna em poder absoluto e, por outro lado, que quem está no poder não abusará desse mesmo poder, temos, desde logo, as leis da república, mas temos também os órgãos políticos que fiscalizam os executivos, onde também têm assento os partidos minoritários, e, em último caso, temos as instituições judiciais.
Vem tudo isto a propósito da tão falada proposta de criação de uma Comissão na Assembleia Municipal das Caldas da Rainha para acompanhamento do Património Termal.
Depois de décadas a perderem as eleições, já se percebeu que os partidos políticos que compõem a oposição nas Caldas da Rainha desistiram de convencer as pessoas de que eles são melhores do que a atual maioria. Certamente pensarão que a maioria dos caldenses não é inteligente, que somos uns “broncos”, uns “tapados”, enfim… que não enxergamos a qualidade das suas propostas políticas e, quiçá, não sejamos mesmo merecedores de políticos tão capazes como eles.
Vai daí, viram na manobra de António Costa uma possibilidade de conseguirem aquilo que, pelas urnas, já se percebeu que não conseguem. Juntavam-se todos, da esquerda à direita, os mesmos que pouco antes só diziam mal uns dos outros, e tomavam o poder. Depois veio a desilusão: perceberam que mesmo todos juntos, continuam a ser menos do que os da maioria. Mas se o António Costa conseguiu, também eles poderiam conseguir… E viram na questão do Termal essa oportunidade. Não deixa de ser curioso que os mesmos que sempre se opuseram a que a gestão do património termal passasse para o município, são os que agora, vendo as suas virtualidades, querem deitar-lhe as mãos.
O termal começou a fazer-lhes comichão e eles propuseram uma comissão.
Queriam mais uma comissão, quando já existem, pelo menos mais outras duas comissões que podem e devem acompanhar o trabalho da câmara nesta matéria. Queriam uma comissão, que nem sequer respeitava a distribuição de forças políticas resultante das eleições, para – já todos o percebemos -, passarem a mandar naquilo que já vêem como a nova “galinha dos ovos de ouro” das Caldas da Rainha.
Se tudo isto pode servir de lição para alguém, será para os caldenses. Ficámos todos a saber o que acontecerá se um dia o PSD deixar de ter a maioria absoluta numas eleições autárquicas. O erro tático das oposições caldenses, é que este tipo de manobras à António Costa, só surtem efeito se forem feitas de surpresa. Agora é tarde. Os caldenses já perceberam e não se deixarão enganar. É que, como diz a música, “O povo é quem mais ordena”, e o povo ordenou que fosse o PSD a ter a responsabilidade de governar este concelho.