José Luiz de Almeida Silva
A crise da imprensa escrita está generalizada em todo o mundo e ensaiam-se, um pouco por todo o lado, fórmulas para a minimizar, porque ultrapassá-la será difícil. Nos países mais ricos e liberais as fundações dos grandes grupos económicos assumem, por vezes, essas participações solidárias, sem imporem restrições à liberdade informativa.
Noutros países, onde não existem instituições deste tipo, tem cabido ao Estado central, regional ou local, atribuir apoios sem restrições às orientações independentes dos jornais. Em Portugal o problema tem sido adiado, e buscam-se apenas soluções paliativas, enquanto não há uma política a sério. Há dias a Associação Portuguesa de Imprensa apresentou uma dezena de medidas, que esperam, uma vez mais, terem sequência legal, mas as decisões teimam em não chegar.
Nas Caldas a crise também é notória, e mesmo os quiosques de venda de jornais vão encerrando, porque a função está sendo minada por novos hábitos e novas alternativas, apesar da função social e cultural inultrapassável.
Gazeta não está imune a esta situação, e como se pode ler no comunicado da Administração da Cooperativa, o património imaterial e os direitos de propriedade intelectual de quase cem anos de vida do jornal, foram cedidos ao município para fruição de todos, numa solução consensual entre as várias forças partidárias. Foi um caminho ainda inicial para minimizar o futuro, que se aproxima rapidamente do centenário. Mas esta possibilidade dada pela autarquia, não evita que os leitores, anunciantes, colaboradores e assinantes não continuem a dar o seu contributo para a vida do jornal.
A centena de edições que faltam para o centenário devem vir à luz paulatina e sofridamente, mas também com uma vontade redobrada de fazer novo e melhor. Esperemos chegar a momento tão importante como marcante na vida de qualquer instituição. ■