Pegada ecológica

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Filipa Silva
Eng. Agrónoma – Consultora e Formadora

Hoje, dia 1 de agosto, a Humanidade esgotou os recursos que o planeta teria capacidade de renovar durante este ano, o chamado “Dia da Sobrecarga do Planeta”. A humanidade usou em sete meses o que a Terra demora 12 meses a regenerar, no entanto, se toda a população mundial consumisse ao ritmo da União Europeia, os recursos para um ano já estariam esgotados desde dia 3 de maio. Portugal já iniciou o consumo dos recursos de 2025 depois dos de 2024 terem terminado no dia 28 de maio.
Os cálculos do “Dia da Sobrecarga do Planeta” são feitos pelo think tank Global Footprint Network, numa parceria com a Universidade de York, no Reino Unido, que avalia ainda os dados sobre a “biocapacidade” do planeta, ou seja, a capacidade de os ecossistemas se regenerarem e absorverem os resíduos produzidos pelos humanos.
As consequências destes desequilíbrios também são cada vez mais claras, com fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, como secas, inundações e incêndios florestais, e uma Europa a caminhar para aumentos de temperatura duas vezes superiores aos de outros continentes. Tal como já previsto pelos cientistas, continuamos a bater recordes de temperatura a nível planetário. Nos passados dias 21 e 22 de julho, foram registados os dias mais quentes de sempre no planeta.
A pegada ecológica é uma medida internacional que traduz quantos hectares são necessários para suportar as atividades humanas (incluindo todos os recursos que são precisos como alimentação, energia, vestuário, etc.) sendo que em 2023, a pegada ecológica da Humanidade foi de quase 1,8 planetas.
A pegada ecológica portuguesa em 2023 foi de 2,9 planetas, enquanto a média da União Europeia foi de 3, ou seja, se toda a Humanidade vivesse como nós, seriam necessários quase 3 planetas para satisfazer o nosso consumo e estilo de vida, o que não é apenas insustentável, é irresponsável.
Continuamos a viver um estilo de vida acima das nossas possibilidades, condenando o nosso futuro e das futuras gerações. Como reduzir então a nossa pegada ecológica e o nosso impacto ambiental no planeta?
Sem dúvida pela redução do consumo de combustíveis fósseis: quer ao nível dos transportes, devendo sempre que possível optar-se por andar a pé, de bicicleta ou transportes públicos em vez de carro próprio, quer para a produção de energia no geral, devendo sempre optar pelo consumo de energias renováveis. Em segundo lugar, melhores opções ao nível da alimentação: quer reduzindo o consumo excessivo de produtos de origem animal, quer o consumo excessivo de alimentos processados, e ainda reduzindo o excessivo desperdício alimentar que produzimos como cidadãos.
No fundo, repensar antes de comprar qualquer novo objeto ou equipamento, e se possível comprar em segunda mão dando uma nova vida ao que já existe e que está em desuso, evitando a extração de novos recursos naturais. ■