Nos últimos tempos, o Parque D. Carlos I tem sido terreno fértil para polémicas e todos parecem ter opinião fundamentada sobre o que fazer naquele verdadeiro ex libris da cidade. Porém, do que ninguém estaria à espera era de uma polémica em torno dos… pavões, que, no meio disto tudo, são os menos culpados da discórdia entre as pessoas.
Ao abaixo-assinado de um grupo de moradores e à discussão do documento em assembleia de freguesia relativamente ao incómodo causado pelo barulho dos pavões sucedeu-se uma posição pública da Junta, que tem a seu cargo a gestão do espaço, mas que pouco ajudou a esclarecer a situação.
Nestas coisas é preciso medir as palavras, porque a desinformação propaga-se a uma velocidade estonteante e facilmente desvirtua as questões. Ato contínuo, as redes sociais inflamaram-se e a autarquia teve de emitir novo comunicado, a tentar conjurar o problema. Acontece, porém, que esta questão é bastante profunda e pode dividir, inclusivamente, os moradores do centro. Porque se há quem seja mais sensível ao barulho dos pavões, também há quem não observe qualquer problema com aqueles “habitantes” do Parque.
Aqui chegados, parecem não restar dúvidas que os pavões estão desorientados, mas a realização de tantos eventos, de forma consecutiva, naquele espaço nobre da cidade está, por certo, a contribuir para o sucedido. Talvez seja chegado o momento de se discutir, por uma vez, a definição ou a criação de um espaço na cidade que possa acolher festivais e certames em que os decibéis cantem mais fino. Para que a culpa não seja dos pavões. Dos verdadeiros, claro. ■