A Pólis e a Práxis

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José Ribeiro
Professor de Políticas Públicas

Na Grécia antiga nasceu a Pólis, um território que crescia na proporção direta da maior ou menor prosperidade. Na Ágora discutia-se a cidade, do comércio à política, aqui nasceu essa utopia que temos em marcha e em perene transformação: a Democracia. Estas cidades primordiais refletem uma ideia inaugural de Estado, enquanto autoridade legítima cujas funções e assunção de responsabilidades são variadas e dinâmicas, marcando a passagem de uma organização mais tribal para algo semelhante às nossas urbes atuais: lugares de cidadania. A Práxis é a ação em dialética com a teoria, pensamento e ação articulados de forma coerente. Na sua obra “Política”, Aristóteles defendeu que “O homem é por natureza um animal político”. Pela Paideia formar-se-iam os cidadãos ideais para a Pólis ideal. Assim, esta colaboração com a Gazeta das Caldas pretende reificar este princípio aristotélico: “Porque o homem vive na Pólis – e porque a Pólis vive nele – o homem assim se realiza”. Participar na vida da nossa Pólis Caldas da Rainha e contribuir para a sua valorização, procurando razões e projetos, com equilíbrio e moderação, o que não é parca tarefa, pois que hoje o imediatismo, sensacionalismo e populismo são impositivos predicados, que reduzem palavras e ações ao ruído que possam gerar. Enfim, espuma dos dias que há de passar. Esperemos. Questão primeira: O que é, o que pode ser uma cidade? Vida efervescente organizada para as pessoas, com lojas históricas, chinesas, franchisings, concept stores de lídimo design moderno crescidas da identidade imanente, esplanadas tradicionais, arte urbana e bicicletas, polimorfia de sabores e cultura? Com presente, passado e futuro, que o tempo constrói-se, revive-se e recria-se em iguais medidas. Preservar e nutrir património, lendas e mitos com políticas prospetivas que antecipem, que previnam e que definam esse futuro coletivo que almejamos. O nosso município enfrenta três incógnitas: Construir-se-á o novo hospital? Este lugar que viu nascer o sistema gratuito de assistência médica universal pela sua Rainha fundadora, D. Leonor, será despojado de parte da sua história e carácter? A Visabeira ainda quer reabilitar os pavilhões do parque? Que cidade planeiam homens e mulheres que definem, e definirão, a Práxis, que pensam fazer com o riquíssimo património histórico e cultural que nos foi legado e que é também futuro, que espaços e valores, materiais e intangíveis, idealizam para os seus concidadãos? ■

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