As angústias do regresso

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Maria do Céu Santos
Maria do Céu Santos
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Eram bons tempos aqueles em que o regresso à Escola e às aulas era motivo de festa para professores, alunos e funcionários, depois das “férias grandes”, quando já se sentia saudades dos colegas e desse espaço comum onde se criam e cimentam amizades para toda a vida.
A normalidade interrompeu-se, esperamos que por pouco tempo, e hoje paira sobre o regresso uma nuvem de incerteza e de angústias, muitas vezes contraditórias.
Há pais ansiosos que querem desesperadamente o início das aulas presenciais, particularmente dos alunos mais jovens (até ao 3.º ciclo), porque se torna insustentável a conciliação da atividade profissional com o apoio aos filhos em casa.
Outros, em menor número, sentem-se ansiosos com receio das aulas presenciais e do risco de contágio, sobretudo quando há idosos em casa ou situações de doenças de familiares, nomeadamente autoimunes ou do foro concológico.
Quanto aos professores, há quem não queira nem mais um dia de aulas não presenciais, pela imensa fadiga que sentem, pelas dificuldades tecnológicas, por sofrerem com a ausência dos alunos (não se compara a gratificação de uma aula perante alunos com a que é dada em frente de uma câmara).
Outros, temem as aulas presenciais, preferindo os meios tecnológicos, devido aos riscos de saúde, sobretudo os professores com mais idade e os que são portadores de patologias que os tornam mais vulneráveis na exposição ao vírus.
Finalmente, há professores que manifestam a sua tristeza pelo facto de receberem novos alunos que não vão poder ‘conhecer’, porque a máscara esconde feições e emoções.
Para todos, uma palavra de esperança.
As Escolas adotarão todas as medidas necessárias à proteção dos alunos e de toda a comunidade escolar, nomeadamente através da divisão do espaço exterior nos intervalos, em setores onde os alunos se juntam por turmas, para evitar a dispersão de focos de eventual contágio.
Mantendo, na medida do possível, os alunos agrupados por turma, no caso de ocorrer alguma infeção reduz-se a possibilidade de ampliação e dispersão dos focos de contágio, que se passam a resumir àquele grupo específico.
Por outro lado, nenhuma Escola deixará de impor sem reservas todos os meios de proteção individual e coletiva, nomeadamente através do uso obrigatório da máscara e da periódica e constante desinfeção dos espaços.
Em declarações ao Jornal Público (edição de 3.09.2020) a Ministra da Saúde refere uma reunião de 31 de agosto, promovida pela OMS a nível europeu, destacando o facto de no ano de 2020, 180 os países terem encerrado as escolas, tendo havido “mais de 1500 milhões de crianças que ficaram sem ir à escola”, saindo dessa reunião “um conjunto de orientações” que deverão ficar refletidas no trabalho que está a ser realizado com o “objetivo central” de que “as atividades escolares e educativas deverão ser o mínimo afetadas e interrompidas neste contexto difícil”.
Tais orientações serão inscritas num “manual de procedimentos” que permitirá às Escolas responder de forma concertada e coerente aos casos de contágio que possam sugerir.
Nos tempos de angústia e de incerteza que vivemos, aqui fica uma palavra de esperança para as comunidades educativas: as Escolas, os professores e os funcionários tudo farão com vista a proteger os alunos e as famílias.

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