Aproxima-se a passos largos a época do Natal, com todas as contradições que daí advêm.
É uma época para quem gosta de oferecer presentes (e pode) de grande prazer. Mas também, de stress. O que comprar para a Mariazinha… que já tem tudo… e para quem não gosta de ler, o que oferecer? Uma boa garrafa de vinho? Mas ele também já não deve beber. Um “voucher”, mas ela não gosta de viajar…
Ou fazer como um amigo me contou há alguns anos que um cunhado (que depois ficou ex, obviamente) e que trabalhava em Londres, apanhou o avião e veio passar o Natal com a mulher e família dela.
Não teve tempo, dizia ele, de comprar umas lembranças. E no avião escreveu uns papelinhos onde escreveu: “vale um jantar a dois“ e ofereceu à mulher, na noite da Consoada. A mesma, quando recebeu tão original oferenda, à frente de toda a família disse-lhe, alto e bom som: “limpa o rabo à prenda”…
Ora, nos tempos em que a “sustentabilidade” e a defesa do ambiente deve nortear “as nossas vidas” e a nossa conduta do dia a dia, assistimos de modo pacífico a práticas ambientais condenáveis nesta época.
Basta darmos um passeio a pé, no dia 25 de Dezembro de manhã, pela cidade, para vermos os caixotes do lixo cheios de árvores destruídas “num segundo”. Toneladas de papel e fitas de embrulho que ninguém liga, quando o entusiasmo é ver-se o conteúdo.
Também são discutíveis as iluminações de Natal, nomeadamente, como se fazem ainda hoje, na maioria das cidades. Mesmo que se utilize apenas ledes para iluminar. O gasto de eletricidade é indesmentível e contribuímos para a pegada de carbono.
Por outro lado, em anos passados, apesar da iluminação ter vindo a melhorar, é a mesma que se encontra em Braga, em Guimarães…
Há alguns anos, quando fiz parte da direção da Associação de Comerciantes de Caldas e Óbidos (poucos meses) propus um modelo diferente de animação de Natal, do tradicional.
No ano anterior, tinha assistido na Alsácia (Colmar) aos mercados de Natal e tinha percecionado o espírito. Toda a comunidade estava envolvida. Fizesse frio, chuva ou neve.
Pois bem, assim seria. Criava-se um grupo de trabalho que envolvesse as empresas, as coletividades, as associações culturais, as escolas, a ESAD, etc.
Todas as praças e largos seriam entregues a pequenos grupos locais que ficariam encarregados de criarem árvores de Natal com materiais reciclados e demais enfeites.
Haveria também um grupo encarregue de coordenar toda a animação de rua.
Convidavam-se todos os comerciantes a participarem.
A cidade é um todo, e não apenas algumas ruas centrais.
Toda a parte artística era coordenada por alunos da ESAD, antigos e atuais e professores. A ESAD faz parte da cidade.
Não parece. Vive de costas para a cidade, mas a cidade também faz muito pouco para derrubar esse muro.
E o custo, certamente, que ficaria muito aquém das dezenas de milhares de euros que, habitualmente se gastam.
Um projeto, pensado com tempo, e que daria um ar de modernidade à cidade. Seria notícia e faria exemplo.