Comparar o incomparável

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Ao escrever estas linhas, até pode parecer que estou em desacordo com a notícia da página 8 da Gazeta de 28 de outubro, onde é noticiado que quatro estudantes de Cabo Delgado (Moçambique) vão chegar a Caldas, para tirarem um curso técnico superior profissional na ESAD. Como apoio vão ter alojamento a título gratuito cedido pela autarquia, enquanto o Politécnico de Leiria os isenta da taxa de matrícula e de candidatura (…) Por coincidência, na página 7 da mesma Gazeta é noticiado que o enfermeiro caldense Filipe Carvalho, foi destacado pela Bowel Câncer UK do Reino Unido, vencendo o prémio Gary Logue de enfermeiro do ano, Filipe Carvalho explicou à Gazeta que é “uma grande honra ter visto o trabalho reconhecido desta forma”. Licenciou-se em Enfermagem em Lisboa, para depois se mudar para Inglaterra em 2009 “devido às oportunidades de carreira e de desenvolvimento académico”. A progressão na carreira “não tem equivalente em Portugal, mas o mais semelhante seria o de médico”. Reconhece que não pretende voltar ao nosso país e que “só o consideraria fazer, se soubesse que iria voltar para uma enfermagem valorizada…”.
Resumindo: os nossos impostos pagam os cursos de portugueses e estrangeiros. Os estrangeiros, gratos a Portugal regressam para exercer nos seus países de origem e os portugueses como é sabido, estão a léguas de ter condições para regressar. Algo vai muito mal neste “jardim à beira-mar plantado” como dizia o Eça, como é o caso da aberrante ausência de estratégia financeira, de valorização dos nossos médicos e enfermeiros, que do SNS, muitos ou saem para o privado ou dão o salto para o estrangeiro em busca de valorização, reconhecimento e remunerações incomparavelmente superiores. ■

Carlos Mendonça

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