Comunicar

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Gazeta das Caldas
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No meu percurso de Pastoral Familiar encontrei alguns casos de fricção nas famílias por falta de comunicação. Quando no casal, ele ou ela individualmente toma uma decisão, sem consultar o outro, sem partilha, o resultado é invariavelmente mau. É curioso perceber que a raiz da palavra comunicar é pôr em comum.
Será difícil conseguir uma motivação para o diálogo de olhos nos olhos, do casal que se prepara para o matrimónio, quando em criança e na adolescência nem um nem outro foram estimulados a dialogar em família.
Com o objetivo, entre outros, de ajudar os novos casais que se preparam para o casamento, nesta vertente essencial para a vida em família, que é a comunicação, a Igreja oferece aos noivos um caminho de preparação designado por CPM-Centros de Preparação para o Matrimónio.
Enquanto pais sempre foi nossa preocupação – minha e de minha mulher – criar oportunidades de pôr em comum as dificuldades e as conquistas de cada dia. E essas ocasiões eram muitas vezes assumidas como oportunidades de confronto e argumentação, na defesa de ideias e posições. Hoje não temos dúvida de que essa prática ajudou a robustecer o carácter dos nossos filhos.
Só em diálogo conseguimos melhorar a relação. Só com diálogo de viva voz e não em mensagens, conseguimos melhores resultados, pois sabemos que os jovens hoje não se sentem à vontade para o diálogo, refugiando-se nas redes sociais. Contudo é importante que os pais acompanhem com equilíbrio as tendências dos filhos relativamente às novas tecnologias, mas proporcionando sempre que necessário momentos de conversa e diálogos sem “outras interferências”.
Li recentemente um artigo do empresário Rodríguez-Martín que referia não haver mensagem que substitua uma boa conversa, embora breve, para facilitar uma comunicação plena entre as pessoas. E adiantava este empresário que é exactamente no diálogo entre as pessoas que estamos a falhar.
Em termos profissionais também experimentei o sucesso de pôr em comum, pois tive a sorte de trabalhar com hierarquias com visão e sensibilidade, em duas instituições líderes de mercado. Um projecto só é bem sucedido quando todos os que o envolvem estão cientes das suas tarefas e empenhados no resultado. Porém, hoje assistimos passivamente ao fenómeno de ter mudado em pouco tempo a hierarquia da comunicação e o mundo tem a vista cansada no silêncio do diálogo.
Percebemos, afinal, que não pode haver decisões unilaterais não partilhadas, mas sim iniciativas e ideias individuais que sejam postas em comum e se constituam como o motor para o sucesso, que a todos motiva.

Diácono Romero
paroquiacaldasdarainha@gmail.com

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