O Futuro já começou!

0
1650
- publicidade -

É da natureza do tempo ser intangível e imperceptível, senão pelas marcas que vai deixando depois de passar.
Por isso, raramente damos conta de que o presente que formulamos no nosso entendimento já foi substituído por outro, em tudo diferente e mesmo inverso ao que, julgando nós ser presente, na verdade já é passado.
Neste desfasamento entre a realidade que é e aquilo que o nosso entendimento alcança, assim vamos tomando decisões ponderadas e de grande ciência que, porém, enfermam de erro de perspectiva.
Se atentarmos nos pormenores e não no fluxo principal dos acontecimentos à escala global, constatamos que a sociedade de consumo, que tem subsistido ancorada numa fórmula aparentemente intocável e de inviável substituição, dá hoje sinais mais ou menos imperceptíveis de soçobrar.
A verdade, é que surgem diariamente indícios de que a economia pode vir a evoluir segundo um processo de regionalização, que é o mesmo que dizer de desglobalização, e os pressupostos de que tudo tem de ser feito em escala aumentada e numa óptica de sinergias de plano internacional dão mostras de soçobrar. Olhando à nossa volta, existem exemplos de cristalina clareza de como esta mudança está já em curso e de como a máxima ‘pequeno é belo’ toma forma inexoravelmente.
Para esta nova visão do mundo concorrem vários elementos – nem todos virtuosos, nem todos altruístas – mas todos resultantes do esgotamento de um modelo para o qual deixa de haver margem material e que corre o risco de se consumir num ímpeto autofágico.
Da valorização da herança patrimonial e do património imaterial, à escolha consciente e cada vez mais disseminada, de consumir de preferência o que é produzido localmente, em pequena escala e segundo critérios de sustentabilidade e de justiça social, uma nova geração, a que ainda não se deu nome, anda em modo de gerar uma revolução silenciosa que há-de dar ao mundo face diversa.
Para isto, contribuem decisivamente todos aqueles que fazem escolhas ancoradas nas estruturas da comunidade próxima e, das grandes metrópoles às pequenas cidades de província de que Caldas é um exemplo, chegam-nos sinais de como a evolução do mundo não tem de ser um processo contínuo em direcção a mais e maior, podendo regressar a uma lógica de suficiente e melhor.
Dir-me-ão, talvez acertadamente, que existe nesta visão do mundo a benevolência própria do optimista incorrigível, ou do utopista alienado, mas sempre vos direi que a História comprova sem margem para dúvidas que não devemos subestimar a força materializadora que emana do acto de sonhar!
Couto.henriques@gmail.com

Conceição Henriques
couto.henriques@gmail.com

- publicidade -