Cocktails– ‘um refrescante, please’…

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LÚCIA SERRALHEIRO – Ricardo Cardim recebeu o galardão de melhor Barman Nacional em 2024, no campeonato nacional de cocktails. Está a preparar-se para o Mundial que vai ser no Savoy Palace no Funchal, de 31 de outubro a 3 de novembro, com a participação de 70 países. Como se sentiu ao receber este prémio nacional?   

RICARDO CANDIM – Foi incrível. Já procurava isto há muito tempo. É sempre uma incerteza devido à subjetividade do gosto de cada pessoa do júri. Nunca se sabe. Foi uma grande emoção. Tive de me ausentar para trabalhar e não estive presente para receber o prémio. Esta competição tem um regulamento muito detalhado e exigente. Temos de fazer cinco cocktails em sete minutos e cinco decorações em quinze.  Além da parte técnica, há a parte criativa, mas o que mais penaliza é o tempo da prova e é o tempo que desempata… e tudo é muito bem cronometrado. No Funchal têm de se ir ao mercado comprar tudo o que precisamos, à exceção das bebidas patrocinadas, fruta, vegetais, especiarias, ervas aromáticas, doce, etc. e tem de se estudar para uma prova teórica!

LS – É Duty Bar Manager no SANA Evolution Hotel, um complexo moderno, construído sobranceiro à baía, espaço envidraçado onde o interior se confunde com o exterior. Verdes plantas mescladas do azul celeste e do mar, entrelaçam-se de cores cintilantes dos cocktails, que à entrada saúdam quem chega. 

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RC – O meu trabalho é perceber o gosto do cliente para o satisfazer, sejam hóspedes ou a população local. Praticamos um novo conceito de proximidade com a comunidade, pois o hotel, bar e refeições estão abertos aos locais, que o podem frequentar, incluindo a sala co-working no rés do chão, um espaço enorme e aconchegante.

LS – Na sua opinião, o que é que mais o influenciou a ser o profissional que é? O curso da Escola de Hotelaria e Turismo no Estoril ou os anos de experiência que tem?  

RC – Da Escola recordo os meus professores, António Duarte e Fernando Brito, e da experiência o lugar onde nasci, Sesimbra. O meu pai tinha um café. Herdei dele a hospitalidade, o modo recebia os pescadores, seus clientes/amigos. Havia a tradição de levarem para o mar farinha torrada doce combinada com cerveja preta. Criei sim um cocktail de autor para um bar em Sesimbra com base nesta tradição. Cada chefe tem a sua linha de preparar os cocktails. Gosto de fazer cocktails de autor, durante todo o ano, utilizando frutas frescas da época e potenciar ao máximo cada produto reduzindo assim o desperdício e/ ou congelando-as para usar durante o ano, como romãs, melancias, etc…  Já fiz cocktails com cereais, xarope, whisky, cerveja preta e uma aguardente de maçãs produzida em França, que eu utilizei num cocktail para um Bar de Caldas da Rainha, instalado nos antigos Silos. A Região Oeste tem na Lourinhã, uma Aguardente Vínica, que é uma das três, as outras duas são o Cognac e o Armagnac, com denominação de Origem Protegida na Europa.  

LS – Muitos parabéns pela satisfação em entender o gosto dos seus clientes e pelo prémio de melhor Barman Nacional.  

Lúcia Serralheiro

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