É estranha a pouca notoriedade das Caldas em termos eleitorais, porque apesar de uma maioria de longos anos monopartidária ter sido quebrada para independentes, fenómeno fortemente inesperado, nem uma palavra nos media nacionais. Também se pode verificar esse facto por, na campanha, os principais líderes não terem feito qualquer passagem pela região nem pelas Caldas.
O resultado eleitoral nas Caldas tem tanto de inédito como demonstra que apenas uma candidatura independente poderia ter este êxito, pois há ou havia uma necessidade de parte de muitos de mostrar uma “revolta” contra o aparelhismo que tudo domina e que pouca autonomia dá aos que estão fora da “corte” dos chefes ou dos líderes locais.
Boa parte dos nomes apresentados pelos partidos colecionam anos de exercício de cargos e de protagonismos, alguns que não se tenha conhecido outra atividade profissional consolidada, oportunidade bem aproveitada pela lista independente, que emergiu com um conjunto de pessoas com percurso profissional ou empresarial conhecido e reconhecido. Esta dicotomia foi marcante, como também pela forma dinâmica e inovadora como se apresentaram e mobilizaram as forças vivas, para além das limitadas confrarias partidárias que se auto-alimentam.
Nestes dias percebeu-se uma espécie de vingança criativa por muitos que durante bastante tempo estiveram submetidos a disciplinas partidárias em que não tinham qualquer intervenção, podendo sair delas com um grito de alegria e de satisfação em favor de alguém em que confiaram fora dos padrões comuns da coisa política. Esperamos que os eleitos saibam ler na espuma dos acontecimentos a mensagem que lhes foi dada e não se aproveitem ou deixem aproveitar dos velhos barões que nada têm de novo para acrescentar. Sejam genuínos e criativos numa Cidade Criativa adiada. ■