Notas Urbanas

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Retomo as crónicas regulares, após o período eleitoral, com a mesma vontade e interesse no levantamento das questões urbanas que me suscitam interesse e vão surgindo aqui e ali, no tempo e no espaço.
Temos assistido em toda a cidade à realização de obras da chamada regeneração urbana e pautadas pela reorganização, requalificação e repavimentação das vias, com alargamento de passeios e definição de lugares de estacionamento/parqueamento. Algumas dessas ruas necessitavam, há muito, de reparação e novos pavimentos. A moda dos cruzamentos coloridos não me parece acrescentar algo de novo, até pela rápida deterioração da cor, mas percebe-se pelo embelezamento da vista aérea, nomeadamente para a apresentação em projecto.
Mantém-se a fraca qualidade da pedra calcária usada nos lancis que rapidamente escurecem devido à sua porosidade. Aqui merece o reparo quanto às entradas de veículos para acesso às garagens, com remates angulosos altamente prejudiciais para os pneus. Basta observar localmente e vemos que em todos são notórias as manchas escuras decorrentes do contacto.
Fiquei surpreendido pela notícia, ou simples informação, da existência de novo projecto para a Praça 5 de Outubro, antiga praça do peixe. O autor desta crónica recorda que a dita praça foi alvo de uma grande obra de reconversão total, há relativamente pouco tempo, ano de 2005, se não estou em erro, com a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, complementado com renovação de todas as infraestruturas envolventes. À época foi lançado concurso de ideias, concepção/construção, que incluía os arranjos de superfície, quer em reorganização do espaço urbano, quer em revestimentos.
A obra foi implementada com sucesso, tendo sido requerida de imediato pela juventude, como sua sala de convívio. Terá sido uma obra de tal forma falhada que justifique agora uma total alteração com nova obra e de custos elevados? Penso que não.
Trata-se de uma zona essencialmente habitacional, com restauração e similares que nos deverá merecer atenção. As verbas, então aplicadas, exigem obras sim mas de limpeza, manutenção e conservação. O que se encontre em estado deficiente que se recupere, as esplanadas que avancem devidamente orientadas por cuidados estéticos e funcionais, quer no seu mobiliário, quer no seu enquadramento e homogeneidade. Conservemos o que está feito exigindo a todos a sua preservação e respeito.
A plantação de contentores de RSU e Ecopontos distribuídos sem qualquer ordem, critério e dissimulação, também não ajudam. ■

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