Depende do ponto de vista!

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É do conhecimento geral que sou de direita. Os partidos de direita valorizam a família pugnando pelo seu bem-estar e incentivam o combate ao Inverno demográfico.
Não querendo falar de teologia para não vos aborrecer fico-me pela informação de que a família é a célula basilar de toda e qualquer sociedade, pelo que deve ser cuidada, protegida e incentivada à unidade.
Posto isto, “apraz-me” dizer que é com “profundo desgosto” que não entendo a polémica nacional sobre as relações familiares nos vários governos.
Pois claro que se devem contratar familiares para cargos ministeriais, até porque se poupa bastante nas deslocações para as reuniões, basta comprometerem-se em fazê-las em casa, no sofá, na mesa da cozinha, enquanto se manda vir uma pizza, ou, para os mais abastados no escritório ou biblioteca à volta de uma aguardente velha (podia referir o charuto mas faz mal à saúde).
Aliás é bastante mais moderno porque se pode trabalhar à distância dum clique, no aconchego duns chinelos enquanto se embala um berço, promovendo o crescimento da taxa de natalidade. E, caso necessário, apenas um dos cônjuges se fará representar em algum daqueles intermináveis jantares cheios de discursos.
Já para não falar da unidade familiar que se mantem quando aos Domingos, ou dias feriados, se tem de ir descerrar alguma placa ou içar alguma bandeira. Que bonito é ver a família toda unida que, até aproveita e almoçam todos juntos, de preferência à conta de quem convidou, poupando assim mais alguns trocados à bolsa da parentela.
Como é, também, evidente, queremos ter à nossa volta pessoas em quem confiamos, e esses são os nossos amigos. Até, porque ao nos ficarem a dever um favorzinho são, garantidamente, mais fiéis. O pior é quando deixam de o ser, dado que a ambição é uma característica do ser humano, e aí o “caldo fica entornado”… mas até lá “folgam as costas”.
Os bons exemplos são para se tomarem em conta por isso a protecção da família não se confina ao Estado central. A epidemia protecionista das famílias políticas e de sangue é prática comum, não fossemos nós um país de brandos costumes que valoriza a moral e gosta pouco de se insurgir contra o governo instalado. Mas, dizia eu, o protecionismo é extensível e generalizado nas estruturas locais e, até regionais, em Câmaras e estruturas directa e indirectamente dependentes delas.
São inúmeros os casos que vemos por aí e por aqui, de concursos feitos à medida dos “meninos” e das “meninas” lá de casa ou lá do partido. Há até quem vá mais longe e, para dar menos nas vistas (como se fosse mau , como se emergisse algum pudor ético), até sejam contratados “familiares e afins” de responsáveis políticos locais, por empresas com interesses lá e de cá no sítio, para dessa forma aligeirar, acelerar, pressionar e acautelar a tomada de decisões favoráveis, pelos políticos decisores locais.
Que agradável é podermos dispor do Estado como nossa casa, aliás, poderia até dizer como nosso castelo, já que algumas instituições parecem regidas por autênticas monarquias. Feudos medievais na aurora do Renascimento, talvez inspirados na nossa D. Leonor, a Rainha das Misericórdias. Não me posso queixar, os reis, regra geral também são de direita.
Não compreendo, por isso, esta polémica que assola o país de Norte a Sul… talvez um pouco menos no Oeste!
Que parvoíce, tantos portugueses a comentarem falta de ética. Que parvoíce!
Post Scriptum: Família a quanto obrigas!

Margarida Varela
margaridavarela13@gmail.com

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